Dilma rebate colunista de O Globo, dizendo que jornal apoiou “golpe” em 2016 (no Poder360)

Publicado em 24/01/2021 20:17
Criticou texto da jornalista Miriam Leitão; Não vê analogia entre seu caso e o atual

A ex-presidente Dilma Rousseff rebateu a colunista do jornal O Globo Miriam Leitão neste domingo (24.jan.2021). A jornalista comparou em coluna o processo de impeachment da petista com o que ela defende que deva acontecer com o presidente Jair Bolsonaro (leia aqui, para assinantes). Dilma disse em nota que não há analogia possível, que seu caso foi “golpe” de Estado, e que Miriam escolheu “o lado errado” da história.

A ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula durante evento do Diretório Nacional do PT, em Brasília, em 2017 

Ambas defendem a necessidade de afastar Bolsonaro, mas a ex-presidente diz que seu impeachment não contava com crimes como os do atual mandatário. A petista ainda afirma seu processo de impedimento teria sido defendido pela imprensa, inclusive por Miriam Leitão. Segundo Dilma, foi seu afastamento que resultou no governo Bolsonaro.

“Miriam Leitão, aplicando uma lógica aburda, pois baseada em analogia sem fundamento legal e factual, diz que se Bolsonaro “permanecer intocado e com seu mandato até o fim, a história será reescrita naturalmente. O impeachment da presidente Dilma parecerá injusto e terá sido.” O impeachment de Bolsonaro deveria ser, entre outros crimes, por genocídio, devido ao negacionismo diante da Covid-19, que levou brasileiros à morte até por falta de oxigênio hospitalar, e por descaso em providenciar vacinas.”

“A relação entre os dois processos não é análoga, mas de causa e efeito. Com o golpe de 2016, nasceu o ovo da serpente que resultou em Bolsonaro e na tragédia que o Brasil vive hoje, da qual foram cúmplices Miriam Leitão e seus patrões da Globo.”

Dilma foi afastada da Presidência da República em abril de 2016. Em agosto, foi retirada do cargo de vez. Relembre aqui como foi.

Movimentos sociais identificados com o espectro político da direita, como o Vem Pra Rua Brasil e o MBL (Movimento Brasil Livre), organizaram carreatas neste domingo (24.jan.2021) a favor impeachment de Jair Bolsonaro.

No sábado, pelo menos 21 capitais brasileiras e o Distrito Federal tiveram protestos contra o presidente. Os movimentos de esquerda Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo convocaram os atos.

Manifestantes fazem protesto em frente ao Palácio do Planalto contra o presidente Jair Bolsonaro

Brasília tem ato esvaziado contra Bolsonaro neste domingo

Um dia depois de carreata com 500 carros; Pediram o impeachment do presidente

Grupos contrários ao governo de Jair Bolsonaro foram à Esplanada pedir seu impeachment neste domingo (24.jan.2021). Com acesso limitado pela Polícia Militar, a concentração de pessoas foi menor que em outros atos semelhantes.

O acesso de carros foi bloqueado na altura do Palácio do Itamaraty. Era preciso caminhar passando pelo Congresso Nacional para chegar até a Praça dos Três Poderes, local onde estava marcado o protesto. A PM não fez estimativa de público, mas o movimento foi baixo na comparação com mobilização similar ocorrida no sábado (23.jan), que não apresentou o mesmo esquema de segurança e resultou em mais pessoas reunidas.

Assista (53seg):

A partir das 17h, os manifestantes trajando roupas e máscaras com mensagens contra o governo Bolsonaro se revezaram em uma caixa de som para fazer suas críticas. Acusam o governo de má administração de políticas para os índios e quilombolas e no combate à pandemia. 

O professor e ilustrador Fernando Lopes, 63, disse que vem a praça há 10 domingos protestar contra o governo principalmente pelas questões ambiental, cultural e a crise política.

“A gente não aguentava mais ficar sem fazer nada nas redes sociais, temos que agir, temos que fazer alguma coisa. Mesmo com pandemia, aqui é um lugar aberto e seguro. Quando uma pessoa resolve fazer alguma coisa, se manifestar, isso já tem uma força”, diz.

Segundo Lopes, os bloqueios da polícia atrapalharam na quantidade de público. “Tem que andar quase 2 quilômetros debaixo do sol, fora o medo que dá com esse aparato policial todo e as provocações [bolsonaristas] que já estão acontecendo”.

TENTATIVA DE IMPEACHMENT DE BOLSONARO II: O MAPA DO JOGO

por Paulo Moura

 

Com o fracasso da tentativa de impeachment de Bolsonaro em 2020, a oposição recuou na mesma medida em que o Palácio do Planalto reagiu, e mudou seu modelo estratégico de 2019 (pressionar o establishment com ajuda das ruas) para o modelo de 2020 (cooptar o centrão, ganhar o comando do Congresso e apartar a aliança do parlamento com o STF).

A nova estratégia de Bolsonaro está em curso e, tudo indica, se completará com sucesso com a provável vitória de seus aliados para os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

A segunda fase da estratégia do governo começa dia 2/2, supondo-se a vitória de seus candidatos. Se confirmada a vitória, o passo seguinte é trazer os aliados do centrão para ocupar ministérios e, em seguida, botar para andar as pautas do governo no parlamento, que Rodrigo Maia manteve engavetadas em 2020.

Não basta vencer, é preciso fazer a agenda do governo avançar no parlamento. Controlar o parlamento não é suficiente. O Palácio do Planalto precisa impor a dinâmica das votações e debates no Congresso para controlar um dos vetores centrais da conjuntura e botar a oposição para correr atrás do governo, em vez de ficar gerenciando as crises que a oposição cria e se defendendo das consequências políticas e econômicas da paralisação das reformas.

Para isso funcionar, dois requisitos se fazem necessários:

1 – O presidente precisa definir que reformas vai estimular, pois sua ambiguidade em relação às pautas do ministro Paulo Guedes e os freios que ele mesmo impôs à tramitação das reformas administrativa e tributária emitem sinais controversos para o mercado e muito claros para o centrão;

2 – Remover dos seus cargos os militares dos postos que envolvem coordenação política e relações com o Congresso e substituí-los por operadores do centrão.

Não se engane o leitor, a provável vitória de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco para o comando da Câmara e do Senado é obra de Arthur Lira e Alcolumbre. Os generais do governo são meros coadjuvantes e observadores desse jogo e, para consolidar as novas bases estratégicas do governo, também não se engane o leitor, convém ao presidente entregar ao centrão, “ministérios que dão voto”, como se diz no jargão político.

Antevendo essa dinâmica, a oposição política e midiática, resolveu não esperar e tirou da gaveta novamente a já fracassada tentativa de impeachment do presidente Bolsonaro. Trata-se de reprise do mesmo filme de 2020, cujo roteiro é o seguinte:

  1. Aproveitando-se da epidemia do Covid19, a mídia cria um ambiente de terror na opinião pública. A imprensa é coadjuvada por Doria, que aumentou 69% os gastos publicitários do governo de São Paulo e, com suas coletivas diárias, cria factoides para alimentar as manchetes da imprensa oposicionista (quase toda)
  2. A mídia mira em ministros-alvo com o objetivo de derrubá-los de seus cargos para desestabilizar o governo. Em 2020 os alvos eram Paulo Guedes e Moro, com o desfecho mal sucedido conhecido. Em 2021 os alvos são Eduardo Pazuello e Ernesto Araújo;
  3. A esquerda aciona a PGR e o STF para acuar o presidente e jogar o governo numa dinâmica defensiva;
  4. O STF impõe limitações e/ou obrigações ao governo de forma a limitar seu poder de inciativa e tentar criar algum pretexto jurídico para o processo de impeachment;
  5. A esquerda tenta (sem sucesso) mobilizar as ruas para jogar o povo contra o governo;
  6. Rodrigo Maia tenta, agora desesperadamente já que seu mandato termina dia 01/02, pautar o impeachment do presidente no Congresso.

A estratégia da oposição tem claros limites e, apesar do estardalhaço da mídia, tem tudo para repetir o fracasso de 2020.

Em primeiro lugar, como já dito, sem o comando da Câmara e do Senado, a oposição perde o controle da pauta do Congresso.

Em segundo lugar, a aliança do Congresso com o STF será substituída por uma aliança do Congresso com o Executivo.

Em terceiro lugar, com toda a artilharia contra ele, apesar de sofrer uma queda em seus índices de aprovação (como em 2020), esses índices não baixam de 30% e, complementarmente, o presidente se mantém na liderança isolada dos rankings eleitorais para 2022 com cerca de 28% das preferências, sem que a população abençoe nenhum dos pretendentes da oposição com mais de 12%, segundo as pesquisas mais recentes.

O mapa da dinâmica do jogo é esse, mas há, no horizonte, algumas variáveis que requerem atenção do presidente. O socorro emergencial às pessoas físicas e jurídicas vítimas das quarentenas acabou e o limite fiscal para reeditá-los é crítico, sem a aprovação de reformas que apontem para a geração de receitas e a redução do déficit público (nem que seja em perspectiva).

A pressão da mídia e de Doria por uma nova onda de lockdowns se explica pelo objetivo de aprofundar a crise econômica e o desemprego, já crescente como consequência de 2020, e manter o clima da opinião pública receptivo a um possível impeachment do presidente, mesmo sem a oposição deter o comando do Congresso.

No entanto, essa estratégia de Doria e da oposição implica em provocar quebradeira de empresas e mais desemprego. Em São Paulo, o aumento do ICMS patrocinado por Doria e a decretação de bandeira vermelha à noite e nos fins de semana, já está levando empreendedores às ruas contra o governador.

Esse fator, se bem usado politicamente pelo presidente, que sempre alertou para as consequências nefastas do fechamento da economia, pode se converter num problema para Doria, principal inimigo de Bolsonaro e que comanda a locomotiva da economia nacional, embora padecendo de crescente antipatia do eleitor paulista e paulistano.

O jogo está posto. Aos movimentos senhores jogadores.

(PAULO MOURA)

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Poder360 + INTERNET

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