Ajustar vacinas para variantes do coronavírus não será simples, alertam farmacêuticas

Publicado em 28/01/2021 09:53

Por Julie Steenhuysen e Michael Erman

CHICAGO (Reuters) - Depois de desenvolverem e distribuírem vacinas contra Covid-19 em tempo recorde, farmacêuticas já estão lidando com variantes do coronavírus de evolução rápida que podem torná-las ineficazes, um desafio que exigirá meses de pesquisas e um investimento financeiro de peso, de acordo com especialistas em doenças.

Executivos da Moderna, da Pfizer e de sua parceira BioNTech estão cogitando novas versões de suas vacinas para reagir às variantes mais preocupantes identificadas até agora – e esta é só uma parte do trabalho necessário para não perder terreno para o vírus, disse quase uma dúzia de especialistas à Reuters.

Uma rede global de vigilância precisa ser montada para verificar variantes emergentes, cientistas precisam determinar qual nível de anticorpos será necessário para proteger as pessoas da Covid-19 e quando as vacinas precisam ser alteradas, e agências reguladoras precisam comunicar o que é preciso para demonstrar que as vacinas atualizadas continuam seguras e eficientes.

"A esta altura, não existem indícios de que estas variantes mudaram a equação em termos de proteção da vacina", disse o doutor Michael Osterholm, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Minnesota. "Mas precisamos estar preparados para isso."

A Johnson & Johnson disse à Reuters que a variante identificada primeiramente na África do Sul chamou sua atenção e que a empresa adaptará sua vacina de acordo, se necessário. A Pfizer disse que poderia produzir uma vacina nova relativamente rápido, mas um executivo destacado da área de vacinas disse que a fabricação apresenta desafios adicionais.

A urgência do esforço é evidente. Na segunda-feira, a Moderna disse que estudos de laboratório mostraram que anticorpos feitos em reação à sua vacina são seis vezes menos eficientes na neutralização de uma versão de uma variante sul-africana criada em laboratório do que versões anteriores do vírus.

Um estudo divulgado na quarta-feira, antes de uma revisão da comunidade científica, revelou que a variante sul-africana reduziu os anticorpos neutralizadores 8,6 vezes em relação à vacina da Moderna e 6,5 vezes em relação à vacina da Pfizer/BioNTech, embora um estudo separado apoiado pela Pfizer, e também divulgado na quarta-feira, indique que sua vacina pode ser mais resistente. A Moderna disse nesta semana que está começando a trabalhar em uma vacina de reforço em potencial.

Ainda não se sabe até que ponto a proteção pode diminuir antes de uma vacina contra Covid-19 precisar ser alterada. No caso da gripe, uma redução de oito vezes na proteção de anticorpos induzida por uma vacina significa que é hora de uma atualização, mas isso não necessariamente se aplica a este coronavírus.

(Por Julie Steenhuysen em Chicago e Michael Erman em Nova York)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA
Brasil e Japão assinam acordos em agricultura e segurança cibernética