Economia da China pode crescer de 8% a 9% ante base baixa de 2020, diz assessor do BC chinês

Publicado em 26/02/2021 08:55

PEQUIM (Reuters) - O Produto Interno Bruto (PIB) da China pode avançar entre 8% e 9% em 2021 à medida que continua a se recuperar da pandemia de Covid-19, disse Liu Shijin, assessor do Banco do Povo da China, nesta sexta-feira.

Essa velocidade de recuperação não significaria que a China voltou a um período de "alto crescimento", disse Liu, já que ela sairia de uma base baixa alcançada em 2020, quando a economia chinesa cresceu 2,3%.

Analistas do HSBC projetaram esta semana que a China crescerá 8,5% este ano, liderando a recuperação econômica global diante da pandemia.

Se o crescimento médio do PIB em 2020 e 2021 estiver em torno de 5%, esse seria um resultado "nada ruim", disse Liu, falando em uma conferência online.

China nega ter feito teste anal de coronavírus em diplomatas dos EUA

China diz que teste é mais eficaz (no Poder360)

A China negou nessa 5ª feira (25.fev.2021) que tenha submetido diplomatas norte-americanos a testes anais para detecção do coronavírus. A informação havia sido publicada no portal Vice e divulgada por outros veículos dos Estados Unidos, como o NY Post.

“Eu verifiquei com meus companheiros. Até onde sei, a China nunca exigiu que diplomatas norte-americanos se submetessem a esses testes”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian.

Depois de tomar conhecimento do que teria acontecido com alguns de seus funcionários, o Departamento de Estado protestou contra o Ministério das Relações Exteriores, cujo porta-voz disse que foi “um erro”, já que o pessoal diplomático está isento desse teste.

O governo dos EUA informou que orientou seus funcionários a “rejeitarem esse teste se solicitado, como foi feito no passado”.

Nas últimas semanas, algumas cidades chinesas começaram a usar testes anais para detectar o coronavírus, embora apenas em grupos de risco muito específicos.

Em cidades como Pequim ou Qingdao, na província oriental de Shandong, por exemplo, as pessoas que chegam do exterior são obrigadas a se submeter a essas provas antes de completar seus períodos de quarentena.

A Comissão Nacional de Saúde da China disse que, embora seja mais fácil de detectar o coronavírus com esse tipo de teste, os cotonetes retais não são adequados para uso em massa porque são inconvenientes e impopulares.

De acordo com a comissão, para coletar as amostras é preciso inserir um cotonete de algodão de 3 a 5 centímetros no reto.

Li Tongzeng, médico especializado em doenças respiratórias, disse acreditar que tais testes podem ajudar a prevenir infecções, já que vestígios do vírus em amostras do trato digestivo podem ser detectáveis por mais tempo do que os obtidos no respiratório.

Ainda assim, os profissionais de saúde deixaram claro desde o início que esses exames não são viáveis para campanhas de testes em massa, mas apenas para alguns grupos específicos.

A diplomacia da vacina vai melhorar a imagem da China?

CoronaVac é principal opção do Brasil (Poder360)

O Brasil é um dos países mais afetados pelo coronavírus no mundo. Mais de 250 mil brasileiros morreram em decorrência da covid-19. Mesmo assim, o governo brasileiro demorou a imunizar a população. Somente no dia 12 de janeiro foram aprovadas as vacinas CoronaVac, do fabricante chinês Sinovac, e AZD 1222, da empresa anglo-sueca AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.

Especialistas apontam que a vacinação é o único caminho para a recuperação econômica. Mesmo assim, o governo brasileiro tem executado uma política errática de imunização. O presidente Jair Bolsonaro atacou publicamente a CoronaVac, que chegou ao país graças a um acordo fechado pelo governador de São Paulo, João Doria, desafeto do Planalto. Nas redes sociais, apoiadores do presidente espalharam delirantes teorias conspiratórias sobre a vacina chinesa.

Bolsonaro ainda chamou com desprezo o imunizante de “vacina chinesa de João Doria”. As falas não só causaram tensões diplomáticas com Pequim, mas também contribuíram para o aumento do ceticismo geral em relação à vacinação.

Por enquanto, a CoronaVac continua a ser a única vacina disponível em larga escala no Brasil. Mas o país asiático também é o principal fornecedor de insumos para a fabricação das doses da vacina da AstraZeneca no Brasil.

Diante desse cenário, o governo Bolsonaro tem deixado de lado o tom agressivo com os chineses que caracterizou as relações nos últimos 2 anos. Depois da mudança de tom, os insumos foram finalmente liberados e Bolsonaro agradeceu a “sensibilidade do governo chinês” em liberar a carga, num exemplo claro dos resultados da “diplomacia da vacina” que vem sendo executada por Pequim.

Mas será que Pequim vai conseguir melhorar sua imagem atuando como grande produtor de vacinas?

SIM

Como as vacinas ocidentais ainda não estão disponíveis em maior escala devido a gargalos de fornecimento, há uma oportunidade para a China estabelecer suas vacinas como alternativa no Brasil e em muitos outros países ao redor do mundo. Pequim pode usar isso como um instrumento de política externa. A vacina chinesa CoronaVac foi desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan e testada no país. Apesar dos conflitos políticos domésticos e dos problemas de política externa com a China, o interesse em uma vacina disponível contra o coronavírus foi maior do que as reservas ideológicas.

Diante do ressentimento do presidente Bolsonaro contra “a vacina chinesa”, as vacinações em massa com a CoronaVac significam, portanto, uma vitória diplomática para Pequim. A diplomacia de vacinação da China se encaixa na estratégia de Pequim de criar benevolência em muitas partes do mundo por meio de ajuda durante a pandemia.

A liderança comunista quer evitar um debate sobre os direitos humanos na China. De acordo com o Parlamento da UE, a situação piorou desde que o presidente Xi Jinping assumiu o cargo, em março de 2013. Em particular, a repressão à minoria uigur e o movimento democrático de Hong Kong atraíram a atenção internacional.

A diplomacia de imunização de Pequim também funciona em alguns países da Europa. A Sérvia, por exemplo, foi o 1º país europeu a aprovar a vacina da fabricante chinesa Sinopharm. Pequim está, portanto, se aproximando de seu objetivo de aumentar sua influência política e econômica nos Balcãs. A região também é de grande importância como um corredor para a Europa Central para a chamada Belt and Road Initiative (Rota da Seda), que visa garantir o controle sobre as rotas comerciais mais importantes.

NÃO

A China não conseguiu melhorar sua imagem por meio da chamada “diplomacia da vacina” porque não havia fóruns adequados para isso em nível internacional. Em 2020, não houve nenhuma reunião do G20, cúpula da UE nem um Fórum Econômico Mundial. A China também ganhou manchetes negativas com a tentativa de acobertamento depois do início do surto da doença em Wuhan.

A diplomacia da vacina da China no Brasil não é uma proposta de monopólio, já que todos os principais fabricantes de vacinas buscaram o mercado brasileiro e realizaram estudos clínicos no país.

O presidente Bolsonaro rejeitou ostensivamente a chamada “vacina chinesa” por causa de reservas políticas e ideológicas em relação à China. Em outubro de 2020, ele até impediu a tentativa do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de comprar doses da vacina da Sinovac. Essa política antichinesa do governo brasileiro causou tensões diplomáticas entre Pequim e Brasília.

Por causa do ceticismo do presidente Bolsonaro, ostentado publicamente, sobre a vacina em geral e da rejeição da “vacina chinesa” em particular, muitos brasileiros têm reservas sobre a CoronaVac. Segundo pesquisas, cerca de um quinto da população não quer ser vacinado e segue, assim, a linha do presidente.


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Fonte: Reuters/Poder360

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