Bolsonaro vai à TV e diz que haverá vacina para todos em 2021 (Poder360)

Publicado em 24/03/2021 07:43
Não citou isolamento social; Falou sobre compra de doses

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse em pronunciamento em rede nacional de televisão na noite desta 3ª feira (23.mar.2021) que o governo brasileiro promove a vacinação contra o coronavírus.

“Ao final do ano teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população. Muito em breve retomaremos nossa vida normal”, declarou. O governo tem sido criticado pela demora na aquisição de imunizantes e por mudanças nos cronogramas de vacinação.

O presidente Jair Bolsonaro, com máscara personalizada, em evento no Palácio do Planalto

Assista à íntegra do pronunciamento:

Bolsonaro tenta reduzir a pressão à qual está submetido. Nesta 4ª feira deve ser reunir com governadores e chefes dos outros poderes para discutir medidas contra a pandemia. Os chefes dos Executivos estaduais têm procurado se articular com o Congresso.

Ele listou ações do Executivo para compra dos imunizantes. “Sempre afirmei que adotaria qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e assim foi feito”, declarou Bolsonaro.

Bolsonaro citou, porém, o imunizante da Janssen, que até o momento não pediu licenciamento da agência. No passado, também afirmou que não seriam compradas doses da China.

Eis os momentos em que o presidente citou compra de vacinas nesta 3ª:

  • Oxford/AstraZeneca – “Em julho de 2020 assinamos um acordo com a universidade de Oxford para produção, na Fiocruz, de 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca. E liberamos, em agosto, R$ 1,9 bilhão”

  • Covax Facility – “Em setembro de 2020, assinamos outro acordo, com o consórcio Covax Facility, para produção de 42 milhões de doses. O 1º lote chegou no domingo passado e já foi distribuído para os Estados”

  • Coronavac – “Em dezembro, liberamos mais R$ 20 bilhões, o que possibilitou a aquisição da Coronavac, através de acordo com o Instituto Butantan”

  • Pfizer – “Neste mês intercedi pessoalmente junto à fabricante Pfizer, para antecipação de 100 milhões de doses que serão entregues até setembro de 2021”

  • Janssen – “E também com a Janssen, garantindo 38 milhões de doses para este ano”

O pronunciamento foi realizado em um dos momentos de maior pressão sobre o governo federal desde que Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto, em 2019. O número de mortos pelo coronavírus no Brasil se aproxima de 300 mil.

Reuters: Bolsonaro fala em vacinação no pior dia de mortes por Covid e é alvo de panelaços

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, no dia em que o Brasil registrou um novo recorde de mortes pela Covid-19, que o governo federal fará de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros contra a doença, em um pronunciamento em rede nacional marcado por protestos contra o presidente.

Em uma fala de pouco mais de 3 minutos, o presidente, que já minimizou a efetividade da imunização e chegou a declarar que não iria se vacinar, defendeu que o governo vem tomando medidas de enfrentamento ao coronavírus e lembrou que em poucos meses o país estará produzindo de forma autossuficiente suas doses contra a Covid-19.

"Estamos no momento de uma nova variante do coronavírus, que infelizmente tem tirado a vida de muitos brasileiros", disse Bolsonaro logo no início do pronunciamento, no dia em que o Brasil superou pela primeira vez desde o início da pandemia a marca sombria de 3 mil óbitos pela doença registrados em um único dia, com um recorde de 3.251 mortes notificadas no período de 24 horas.

"Quero tranquilizar o povo brasileiro e afirmar que as vacinas estão garantidas", afirmou, citando previsões de doses ao longo do ano.

Bolsonaro e a gestão do governo na área da saúde têm sofrido críticas e baixas na popularidade, o que levou a uma mudança de tom no discurso do presidente em relação às vacinas. "Estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros", disse.

O presidente, porém, ainda tem posição controversa em relação às medidas de restrição de circulação e de aglomeração de pessoas, como as adotadas por governadores. O tema não foi abordado no pronunciamento.

A fala de Bolsonaro na noite desta terça-feira foi recebida por panelaços e gritos contra o presidente em cidades pelo país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Apesar da promessa do presidente sobre a vacinação, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reduziu em mais de 10 milhões de doses o número de vacinas a serem entregues ao Ministério da Saúde no mês de abril, passando de uma previsão inicial de 30 milhões para 18,8 milhões.

A redução das doses da Fiocruz representa mais um baque no lento processo de vacinação brasileira contra a Covid, no momento em que o país atravessa sua pior crise e se tornou o epicentro da pandemia no mundo.

Apenas 2,6% da população brasileira com mais de 18 anos foi vacinada com as duas doses, de acordo com levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), enquanto o percentual que recebeu a primeira dose é de 7,6% -- o que corresponde a 12,1 milhões de pessoas.

A promessa original do Ministério da Saúde era distribuir 45,9 milhões de doses apenas no mês de março, mas esse total foi reduzido para entre 25 milhões e 28 milhões por problemas na importação de doses da Índia e por atraso da Fiocruz em sua produção.

Fonte: Poder360/Reuters

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