Sob pressão, Bolsonaro recebe governadores para tentar dar resposta à pandemia

Publicado em 24/03/2021 07:49
Terá participação de ministros e chefes de outros Poderes; Presidente deve mudar tom, diz o Poder360

O presidente Jair Bolsonaro se reunirá nesta 4ª feira (24.mar.2021), no Palácio do Alvorada, com governadores para tratar de medidas de combate à pandemia. Entre elas, o toque de recolher, o cronograma de vacinação e uma nova lei que facilite compras na área da saúde.

Além dos governadores, estarão presentes ministros, os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux. O procurador-geral da República, Augusto Aras, também deve participar do encontro.

Eis a lista completa dos participantes da reunião, marcada para começar às 8h:

Eis a lista dos participantes:

  • Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado;
  • Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara;
  • Luiz Fux, presidente do STF;
  • Augusto Aras, procurador-geral da República;
  • André Mendonça, ministro da Justiça e Segurança Pública;
  • Fernando Azevedo, ministro da Defesa;
  • Marcelo Queiroga, ministro da Saúde;
  • General Ramos, ministro da Secretaria de Governo;
  • General Heleno, ministro da Segurança Institucional;
  • José Levi, ministro da AGU;
  • Sérgio José Pereira, ministro interino da Casa Civil;
  • Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores;
  • Paulo Guedes, ministro da Economia;
  • Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura;
  • Tereza Cristina, ministra da Agricultura;
  • Milton Ribeiro, ministro da Educação;
  • Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia;
  • Fábio Faria, ministro das Comunicações;
  • Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia;
  • Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente;
  • Gilson Machado, ministro do Turismo;
  • Wagner Rosário, ministro da Controladoria Geral da União;
  • Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos;
  • Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria Geral;
  • Wilson Lima (PSC), governador do Amazonas;
  • Ronaldo Caiado (DEM), governador de Goiás;
  • Cláudio Castro (PSC), governador do Rio de Janeiro;
  • Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná;
  • Renan Filho (MDB), governador de Alagoas;
  • Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais;
  • Marcos Rocha (sem partido), governador de Rondônia;
  • Ministro Bruno Dantas, vice-presidente do TCU;
  • General Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.

Os governadores devem levar uma série de demandas ao presidente. Alguns deles adotaram medidas que foram atacadas por Bolsonaro durante a crise, como confinamentos.

A reportagem do Poder360 apurou quais devem ser algumas das bases do discurso de Bolsonaro no encontro:

  • a pandemia mudou – hoje ficou confirmado que a gravidade do coronavírus é maior, mais letal. Novas cepas são transmitidas mais rapidamente. Morrem pessoas mais jovens;
  • medidas de combate – com a nova onda de covid-19, é necessário mudar a estratégia. Cidades e Estados devem fazer o que julgarem necessário para conter o avanço da pandemia (talvez até com isolamento mais rígido, é o que se espera que o presidente diga, mas isso ainda está em negociação);
  • união nacional – o presidente tentará fazer um apelo para que todas as instâncias de governo atuem em harmonia daqui para a frente;
  • vacinas são prioridade – tudo será feito para que o país tenha vacinas na quantidade necessária. Bolsonaro tenta chegar a algum número para prometer e empenhar sua palavra pessoal para garantir um percentual mínimo de vacinados ainda em 2021. Não se sabe ainda qual será o percentual a ser prometido, mas o presidente deseja algo acima de 75% da população até dezembro.

Bolsonaro não deve dizer com todas as letras que errou nem que está recuando. Ficará implícito. Aliados seguem tentando convencer o presidente a ser explícito. Mas ele prefere falar em “nova realidade” e que daqui para a frente a estratégia muda. Por exemplo, usará máscara na reunião desta 4ª feira (24.mar).

Na 3ª feira (23.mar), o Ministério da Saúde confirmou mais 3.251 mortes pela covid-19. É o maior número já registrado em 1 único dia desde o início da pandemia. O número nunca havia ficado acima de 3.000.

No total, 298.676 pessoas morreram vítimas da covid-19 no país.

Também na 3ª feira (23.mar), Bolsonaro fez um pronunciamento na televisão, no qual defendeu a vacinação contra a covid-19 no Brasil. Políticos de diversos espectros ideológicos foram às redes sociais para criticar o presidente.

Sobre a reunião desta 4ª feira (24.mar), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que deve comunicar aos líderes de bancada e demais deputados “medidas administrativas e medidas políticas” relacionadas à pandemia.

“Temos que fazer um debate mais coerente, mais imparcial, mais resolutivo, com menos ideologia, com menos política, para a crise que enfrentamos”, disse Lira. A Câmara e o Senado têm buscado preencher em alguma medida o vácuo deixado pelo governo na gestão da pandemia.

Brasil tem recorde de 3.251 mortes por Covid-19 em único dia

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil superou pela primeira vez desde o início da pandemia de Covid-19 a marca sombria de 3 mil óbitos pela doença registrados em um único dia, com um recorde de 3.251 mortes notificadas no período de 24 horas, segundo dados do Ministério da Saúde nesta terça-feira.

O número desta terça supera o recorde anterior de mortes, registrado em 16 de março, quando haviam sido reportados 2.841 óbitos. Com isso, o total de vítimas fatais da doença no país atingiu 298.676.

Além disso, o Brasil ainda registrou 82.493 novos casos de coronavírus, com o total de infecções confirmadas no país avançando para 12.130.019.

As médias móveis de 14 dias também renovaram recordes no país, de acordo com os dados do ministério: para novos casos, o índice atingiu 71.970, enquanto a cifra referente aos óbitos saltou para 2.160.

Um levantamento da Reuters indica que atualmente o Brasil lidera o mundo nos números diários tanto de novas infecções quanto de mortes, sendo responsável por uma em cada sete contaminações e por um em cada quatro óbitos notificados em todo o mundo a cada dia.

Em valores totais, o país só registrou menos casos e mortes do que os Estados Unidos.

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) destacou nesta terça-feira que o Brasil passa por uma "terrível situação" na pandemia.

Carissa Etienne, diretora-geral da Opas, afirmou que o coronavírus continua se espalhando "perigosamente" pelo Brasil e que a crise local também afeta os países vizinhos.

Também nesta terça, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reforçou pedido por medidas de contenção, recomendando a restrição de atividades não essenciais por cerca de 14 dias, para que a transmissão seja reduzida em cerca de 40%, e o uso obrigatório de máscaras por pelo menos 80% da população.

"Desde o início do mês de março, o país assiste a um quadro que denota o colapso do sistema de saúde no Brasil... Este colapso não foi produzido em março de 2021, mas ao longo de vários meses, refletindo os modos de organização para o enfrentamento da pandemia", disse a Fiocruz em boletim técnico.

A fundação indicou ainda que 25 das 27 unidades federativas estão na zona crítica de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para Covid-19, que ocorre quando o índice supera os 80%. Apenas Amazonas e Roraima ficam abaixo desse limiar.

Estado mais afetado pela Covid-19 em números absolutos, São Paulo atingiu as marcas de 2.332.043 casos e 68.623 mortes, com um recorde diário de 1.021 óbitos. A taxa de ocupação de UTIs nos hospitais paulistas alcança 91,9%.

Conforme os números do Ministério da Saúde, Minas Gerais é o segundo Estado com maior número de infecções pelo coronavírus registradas, com 1.040.198 casos, mas o Rio de Janeiro é o segundo com mais óbitos contabilizados, com 35.331 mortes.

O governo ainda reporta 10.601.658 pessoas recuperadas da Covid-19 e 1.229.685 pacientes em acompanhamento.

Fonte: Poder360/Reuters

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