Não abusem da paciência do povo, diz Bolsonaro em novas críticas a medidas de restrição

Publicado em 10/04/2021 18:26 e atualizado em 10/04/2021 19:09

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(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar duramente neste sábado as medidas de restrição de circulação adotadas por governadores e prefeitos para frear a disseminação do coronavírus, repetiu que o Exército não vai para as ruas obrigar ninguém a ficar em casa e disse que não se deve abusar da paciência do povo.

"Tudo tem um limite, eu, todo meu governo, nós estamos do lado do povo", disse Bolsonaro em visita em casa de venezuelanas em São Sebastião, no Distrito Federal, que foi transmitida em suas redes sociais.

"Não abusem da paciência do povo brasileiro", acrescentou o presidente, "a política do fica em casa, fecha o comércio está errada" e repetiu mais uma vez que o "o povo tem que trabalhar".

"Eu tenho poder para numa canetada fazer lockdown no Brasil todo, mas isso não será feito", disse.

Bolsonaro voltou a reclamar da decisão do Supremo Tribunal Federal, que permitiu que governadores e prefeitos adotassem as medidas que julgam necessárias para conter a doença.

"Lamento superpoderes que o Supremo Tribunal Federal deu a governadores e prefeitos para fechar inclusive salas, igrejas de cultos religiosos. É o absurdo dos absurdos", disse.

Para Bolsonaro, as medidas de restrição não são para salvar as vidas das pessoas mas sim para "sufocar a economia e desgraçar o Brasil de vez".

Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem dado grande ênfase nas consequências da Covid-19 sobre a economia, externando em algumas ocasiões preocupações em relação ao seu próprio governo.

O presidente disse que "estão empobrecendo a população para melhor dominá-la" e advertiu servidores civis e militares que se a arrecadação do governo cair faltará recursos para pagar seus salários.

Ressaltando mais uma vez o discurso de que medidas como o toque de recolher adotado por alguns governadores são uma amostra de ditadura, o presidente destacou a importância da liberdade, repetindo que os militares não obrigarão as pessoas a permanecerem em casa --agora chamando de "nosso Exército", depois de ser bastante criticado por ter se referido mais de uma vez anteriormente como "meu Exército".

"Vocês estão tento experiência no Brasil um pouco o que é ditadura com essa política do fique em casa, toque de recolher, não pode ir à praia", disse.

"O nosso Exército não vai para rua obrigar o povo a ficar em casa, fique tranquilo", disse.

Repetindo uma expressão que passou a ser usada por ele próprio e outros integrantes do governo nos últimos dias, Bolsonaro disse que nunca fez nada fora das "quatro linhas da Constituição".

"O pessoal que me acusa de ditador, querer impor uma ditadura no Brasil nunca viram uma palavra minha, um só gesto que eu fugisse fora das quatro linhas da Constituição. Outros fogem, os que me acusam, muitos agem fora das quatro linhas da Constituição."

Bolsonaro: CPI da covid é obra da esquerda para “perseguir” e “tumultuar”

Quer ampliar o escopo da comissão (no Poder360)

O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da covid-19 que será instalada no Senado é feita pela esquerda para “perseguir” e “tumultuar” seu governo. Ele criticou o fato de a ideia inicial da comissão seja investigar o governo federal e defendeu que prefeitos e governadores também tenham suas ações escrutinadas.

“CPI feita pela esquerda para perseguir e tumultuar. Essa esquerda que nunca fez nada pelo Brasil. Eu conheço alguns senadores, conversei com alguns, a ideia é investigar todo mundo, sem problema nenhum.”

Bolsonaro disse que a ideia inicial da CPI, que é investigar omissões do governo federal, não é justa: “Quer fazer justiça? Quem sumiu com o dinheiro, fui eu? Era pra preparar a rede hospitalar, quantos prepararam? Se é pra fazer CPI, é todo mundo”.

O presidente criticou também o que classificou como interferência do STF no Senado. Para ele, o assunto deveria ser tratado internamente no Legislativo.

“A lei nasceu para todos. Interferência lamentavelmente existe ainda, no meu governo muito e agora teve uma no Senado. Isso é interna corporis, não tem que estar se metendo em tudo.”

SILÊNCIO SOBRE ORÇAMENTO

Bolsonaro falou com a imprensa no Palácio da Alvorada, na volta de passeio pelo entorno de Brasília. Ao ser perguntado por jornalistas sobre a questão, apenas acenou e não respondeu.

Notas técnicas da Câmara e do Senado disseram que não há crime de responsabilidade na sanção do Orçamento como foi aprovado pelo Congresso.

O texto precisa ser sancionado ou vetado (parcial ou completamente) pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, até 22 de abril. Em reunião com empresários nesta semana, Bolsonaro sugeriu que vai vetar alguns trechos.

O Orçamento tem sido criticado por economistas. A equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) aconselha o presidente Jair Bolsonaro a não sancionar a lei. A aprovação foi em 25 de março, e até agora não houve sanção.

O Congresso elabora leis, mas o Executivo tem a prerrogativa de vetar trechos ou a íntegra. O Legislativo pode não aceitar e restituir os textos vetados, em um processo que costuma causar desgaste político.

Guedes chegou a dizer a Bolsonaro que a sanção poderia fazer com que ele sofresse um processo de impeachment. Daí o possível peso dessas notas técnicas: quem pode instalar e analisar processos de impeachment são as Casas do Congresso.

A equipe de Guedes avalia que a peça é inexequível. O relator, senador Márcio Bittar (MDB-AC), retirou recursos de despesas obrigatórias para bancar obras. Depois, topou “devolver” parte dos recursos, mas não foi suficiente para convencer o governo a sancionar o texto.

 

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Fonte:
Reuters/Poder360

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