Dólar tem 4ª queda seguida com exterior benigno, mas de olho em Brasília

Publicado em 16/04/2021 18:45 e atualizado em 17/04/2021 19:37

LOGO REUTERS

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar emendou a quarta queda diária consecutiva e fechou no menor patamar em uma semana nesta sexta-feira, com o real entre os melhores desempenhos ao fim de um pregão de forma geral de alívio para os mercados brasileiros, conforme investidores acompanharam o ambiente externo benigno e o noticiário político local.

O dólar à vista caiu 0,75%, a 5,5856 reais na venda, após variar entre 5,6789 reais (+0,91%) e 5,5672 reais (-1,07%).

A cotação não engatava quatro dias de baixa desde a mesma série encerrada em 19 de março.

Na semana, a divisa recuou 1,57% --maior queda desde a semana finda em 12 de março e terceira semana consecutiva de perdas --sequência mais longa do tipo desde dezembro passado.

Em abril, o dólar cai 0,80%, mas no acumulado do ano ainda sobe 7,59%.

Operadores comentaram que a sexta-feira foi de mais desmonte de posições negativas nos ativos domésticos, diante de novas máximas históricas nos mercados externos por expectativas de rápida recuperação da economia global.

Endossando o otimismo, a economia da China cresceu a uma taxa recorde de 18,3% primeiro trimestre ante o mesmo período do ano anterior, sugerindo força na maior consumidora mundial de commodities --importante componente das exportações brasileiras.

Aqui, investidores também avaliaram as perspectivas para o impasse do Orçamento e a agenda de reformas. Comentou-se nas mesas sobre declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) --feitas a profissionais do mercado financeiro em São Paulo--, a respeito de continuação da agenda de reformas e de união entre governo e Congresso.

De forma geral, porém, o persistente ruído político continua a limitar a confiança e manter os elevados prêmios de risco.

Gabriel Tenorio e Claudio Irigoyen, do Bank of America, estão neutros na moeda brasileira justamente pela deterioração dos fundamentos e pelo barulho do lado político, apesar de considerarem o real barato. Os profissionais elevaram para 5,40 reais a estimativa para o dólar ao fim do ano, ante 5,1 reais da projeção anterior.

"É difícil descartar o risco de novos desvios fiscais até que a pandemia esteja sob controle", disseram em nota. "Na margem, taxas de juros mais altas ajudarão (o câmbio). Outros avanços na agenda de reformas podem também ajudar a moeda, mas medidas radicais parecem menos prováveis com a aproximação das eleições de 2022."

Bruno Marques, sócio e gestor dos fundos multimercados macro da XP Asset, avaliou que o dólar, apesar dos patamares atuais, não parece tão distante dos níveis em que deveria estar e vê a moeda hoje como hedge de posições em bolsa, mesmo com a Selic em alta.

"Acho que (a alta de) juros afeta um pouco o real, os juros até pioraram mais que o câmbio no ano, mas não acho que vai ser uma Selic de 5% que vai resolver isso. Nosso problema não é só juros, até porque o mercado já precifica isso (alta da Selic). Já tem bastante coisa no preço", disse.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário