Dólar sobe ante real com exterior, Congresso e Copom no radar

Publicado em 04/05/2021 10:40

O dólar avançava contra o real nesta terça-feira, acompanhando a recuperação da moeda norte-americana no exterior, à medida que os investidores ficavam de olho no Congresso Nacional, em dia de agenda cheia, e na reunião de política monetária do Banco Central do Brasil.

Às 10:26, o dólar avançava 0,74%, a 5,4581 reais na venda, enquanto o principal contrato de dólar futuro ganhava 0,28%, a 5,472 reais.

Segundo João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos, essa movimentação estava em linha com o desempenho mais forte do dólar nesta manhã em relação a outras moedas de países emergentes, com peso mexicano, peso chileno, rand sul-africano e lira turca apresentando perdas. O índice da divisa norte-americana ante uma cesta de pares fortes apresentava alta de aproximadamente 0,4%.

"O dólar está apresentando um dia mais forte, com os Treasuries também um pouco mais pressionados", comentou Freitas.

Mas ele também chamou a atenção para o cenário doméstico, com um dia agitado em Brasília elevando a cautela dos investidores às vésperas da decisão de política monetária do Banco Central.

Nesta terça-feira, a CPI da Covid vai ouvir dois ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, em dia de sessão do Congresso Nacional que deve votar projeto de lei com readequação do Orçamento. Também é esperada a leitura de relatório da reforma tributária em comissão mista do Congresso.

Ao mesmo tempo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC dá início nesta terça a sua reunião de dois dias, e a expectativa dos investidores é de que a taxa Selic será elevada a 3,5% ao final do encontro, ante 2,75% anteriormente.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, disse em nota que a expectativas dos mercados estão girando mais em torno do comunicado da autoridade monetária do que da decisão em si.

Ele afirmou que a elevação de juros em 75 pontos-base por parte do Copom em sua última reunião e a sinalização de outro aumento a taxa semelhante à frente ajudaram a melhorar o fluxo de capital internacional ao Brasil.

"Isso ainda não reduz o diferencial de juros curtos dos nossos pares internacionais, ao se considerar possíveis montagens de 'carry trade', mas dado que o Brasil esteve e está barato por um período relativamente longo e várias divisas de emergentes estão 'esticadas' pela liquidez internacional, conseguimos atrair novamente tal fluxo."

Freitas, da Toro Investimentos, disse à Reuters que, olhando além da alta do dólar desta manhã, a perspectiva de aumento dos juros básicos no Brasil, aliada à forte demanda por commodities, pode representar apoio ao real no médio prazo.

"O que complica fazer qualquer previsão é o risco político, que o mercado embute no câmbio", afirmou. "Qualquer cenário mais tenso em Brasília pode mudar essa perspectiva."

O dólar negociado no mercado interbancário fechou a segunda-feira em queda de 0,24%, a 5,4182 reais na venda.

Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em novembro de 2021 e março de 2022.

Fonte: Reuters

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