Bolsonaro deixa hospital e diz que estará no Palácio do Planalto nesta segunda-feira

Publicado em 18/07/2021 15:55

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro deixou na manhã deste domingo o hospital onde estava internado desde quarta-feira para tratamento de uma obstrução intestinal e garantiu que na segunda-feira já estará despachando do Palácio do Planalto.

"Mandaram eu despachar do Alvorada, essa é a primeira coisa que não vou seguir, vou estar na Presidência amanhã", disse Bolsonaro em entrevista coletiva ao deixar o hospital Vila Nova Star, em São Paulo.

"Tive que me submeter a uma dieta, fiz o que tinha que ser feito... queria ir embora desde o primeiro dia, não me deixaram ir embora e espero daqui uns dez dias estar comendo um churrasquinho de costela, comendo qualquer negócio", explicou o presidente.

Apesar de ter recebido orientação da equipe médica de observar uma dieta, Bolsonaro não prometeu que vai seguir.

"Vou tentar seguir, não sou exemplo para ninguém quando se fala de dieta", disse.

Bolsonaro chegou a São Paulo na quarta-feira, transferido de Brasília depois de dar entrada na madrugada daquele dia no Hospital das Forças Armadas (HFA), por causa de fortes dores abdominais causadas por um quadro de obstrução intestinal.

No sábado, o presidente participou remotamente da inauguração de uma agência da Caixa em uma cidade do Ceará e disse que estava bem e "louco para voltar para trabalhar".

Pouco antes das 10h deste domingo, o hospital informou a alta.

"O senhor presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, teve alta hoje do Hospital Vila Nova Star... Ele seguirá com acompanhamento ambulatorial pela equipe médica assistente", disse o boletim assinado pela equipe médica que cuida do presidente.

Recuperado, Bolsonaro defende voto impresso, Pazuello e mais um remédio contra Covid-19

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender neste domingo o que chama de voto impresso auditável, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e pediu estudos sobre mais um medicamento para combater a Covid-19.

Ao deixar o hospital em que estava internado desde quarta-feira em São Paulo devido a uma obstrução intestinal, Bolsonaro deu uma entrevista coletiva e disparou várias críticas e defesas.

"Vou pegar o Queiroga amanhã, vou conversar com ele, a questão da Covid-19", disse Bolsonaro, referindo-se ao atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

O presidente, um entusiasta defensor da cloroquina para combater a Covid-19, apesar de não haver comprovação científica da eficácia do medicamento contra a doença, disse agora que vai pedir que seja feito um estudo com a proxalutamida, usado em tratamentos contra câncer de próstata, com o mesmo objetivo.

Questionado sobre as últimas denúncias envolvendo Pazuello, Bolsonaro disse que Brasília é "o paraíso dos lobistas" e elogiou o trabalho do ex-ministro, assim como do seu então secretário-executivo, Elcio Franco.

Reportagem da Folha de S.Paulo na sexta-feira relata uma suposta negociação de Pazuello com intermediários para a compra de doses da vacina contra Covid-19 CoronaVac por três vezes o preço que o Instituto Butantan cobrava do ministério para o mesmo imunizante. O ex-ministro negou qualquer negociação, afirmando que apenas cumprimentou empresários no ministério, mas que a compra não avançou.

"Se eu estivesse na Saúde eu teria apertado a mão daqueles caras todos", disse Bolsonaro, argumentando que Pazuello estava sem paletó e não estava à mesa em um vídeo divulgado, o que mostraria que não houve negociação alguma com a participação do então ministro.

"Não tem como você fraudar no nosso governo", garantiu.

"Lá em Brasília não falta gente para vender lote na Lua, acredita quem quiser, e lamentavelmente a imprensa, grande parte da imprensa, adota o caminho de simplesmente denunciar, denunciar não, divulgar aquilo que nós não fizemos", disse o presidente.

"Eu sempre determinei para o Ministério da Saúde, comprar vacina, duas condições: passar pela Anvisa e só pagar depois que chegar", afirmou Bolsonaro.

Apesar de ter dito, de fato, que só compraria vacinas depois do registro na Anvisa, essa é a primeira vez que Bolsonaro cita a suposta necessidade de “pagar depois que chegar”.

“Nosso governo não gastou um centavo com picareta, nenhum. Parabéns Pazuello, parabéns coronel Elcio."

No caso da vacina indiana Covaxin, o governo acertou a compra mesmo sem aprovação da Anvisa --que só concedeu autorização de uso emergencial meses depois e mesmo assim restrita. Além disso, documentos mostram que a primeira versão do contrato com a intermediária Precisa previa o pagamento antecipado de parte das doses.

FAKENEWS

Bolsonaro voltou a defender o que chama de voto impresso auditável, repetindo críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, dizendo ainda que a apuração da votação tem que ser pública.

Argumentando em favor da liberdade de expressão, o presidente criticou investigações sobre atos antidemocráticos e fakenews.

"Não dá pra gente conviver num país democrático com pessoas sendo presas e processadas por fakenews e atos antidemocráticos", disse.

"Eu respeito integralmente a Constituição... tem gente sendo processada porque levantou faixinha com o artigo 142... eu respeito o artigo 1º da Constituição, o artigo 2º, o 10º, o 100º e o 142 também, isso é crime?"

"Eu jurei respeitar a Constituição... algumas outras autoridades do Brasil não respeitam, a Constituição é ele, vale o que ele interpreta", reclamou Bolsonaro. Uma das atribuições mais importantes dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) é justamente interpretar e dar um entendimento à Constituição, quando há disputas sobre pontos dela.

O artigo 142 da Constituição diz que as Forças Armadas "são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".

De maneira recorrente, algumas pessoas defendem a interpretação, errada, de que, com base neste artigo, as Forças Armadas funcionariam como um Poder Moderador.

Questionado se a reunião que ocorreria na quarta-feira passada com os presidentes do STF, Luiz Fux, do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), seria retomada, Bolsonaro disse acreditar que sim, mas ressalvou que, como ele escolhe seus próprios ministros, é o único dos chefes dos Poderes que não têm problemas.

"Com toda certeza... não tem nada de anormal essas reuniões nossas, é acertar alguma coisa, trocar uma ideia", disse.

"O único chefe que não tem problema sou eu, porque eu tenho ministros que eu nomeio. O ministro Fux tem o Supremo ali que alguns pensam diferente dele, o Lira e o Pacheco também, mas nós vamos cada vez mais nos acertando."

A reunião de quarta, desmarcada devido ao problema de saúde de Bolsonaro, foi marcada depois que o presidente chegou a colocar em dúvida a realização das eleições marcadas para 2022.

Bolsonaro responsabiliza vice-presidente da Câmara por aumento do fundo eleitoral; deputado rebate

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro comprou briga com o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), neste domingo, ao criticar o aumento de quase três vezes no valor destinado ao fundo eleitoral, ao mesmo tempo em que defendeu os parlamentares que aprovaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que inclui o fundo.

Em entrevista coletiva ao deixar o hospital em São Paulo onde estava internado, Bolsonaro disse que o "responsável por aprovar isso daí é o Marcelo Ramos".

Bolsonaro disse que o Parlamento "descobriu" o problema e tentou fazer a votação de um destaque sobre o fundo eleitoral, mas, na avaliação do presidente, Ramos "atropelou, ignorou, passou por cima e não botou em votação o destaque".

"Os parlamentares aprovaram a LDO, é um documento enorme, com vários anexos, tem muita coisa lá dentro, muitos parlamentares tentaram destacar essa questão, o responsável por aprovar isso daí é o Marcelo Ramos", disse Bolsonaro, defendendo os parlamentares que votaram a favor da LDO.

"Ele (Ramos) que fez isso tudo, porque se tivesse sido destacado talvez o resultado teria sido diferente... num projeto enorme alguém botou lá dentro essa casca de banana, essa jabuticaba."

O Congresso Nacional aprovou na quinta-feira a LDO para 2022, incluindo um fundo eleitoral ampliado para 5,7 bilhões de reais.

O presidente disse que com esses recursos os ministros Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) poderiam fazer obras importantes. Sem se comprometer em vetar o aumento do fundo eleitoral, Bolsonaro disse que vai buscar uma solução.

"Eu sigo a minha consciência, sigo a economia e a gente vai buscar dar um bom final para isso daí."

Nas redes sociais, Ramos rebateu Bolsonaro e o desafiou a vetar a medida.

"Ele deveria é dizer que vai vetar, mas vai tentar arrumar alguém para responsabilizar também, porque é típico dele e dos filhos correr das suas responsabilidades e obrigações", disse Ramos no Twitter.

"@jairbolsonaro sabe que está mentindo! O governo dele enviou LDO c/ fundão eleitoral. Líderes do governo e filhos do Bolsonaro votaram a favor do fundão. Nem votei por estar presidindo a sessão. Presidente, você tem a caneta p/ vetar. Seja homem, assuma suas responsabilidades!", acrescentou.

Fonte: Reuters

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