Dólar fecha no menor patamar em duas semanas com Fed mantendo estímulos

Publicado em 28/07/2021 17:25

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com a maior queda e no menor patamar em duas semanas nesta quarta-feira, sofrendo vendas na parte da tarde depois de o banco central dos Estados Unidos indicar que manterá estímulos monetários por mais tempo.

O dólar à vista caiu 1,26%, a 5,1104 reais. A baixa percentual é a mais forte desde 14 de julho, quando o dólar recuou 1,87%. O patamar é o menor desde a mesma data, em que a moeda encerrou em 5,0855 reais.

O mercado há dias vinha em uma espera ansiosa pela sinalização que o Fed daria ao fim de sua reunião de política monetária. O comunicado da conclusão do encontro foi divulgado às 15h (de Brasília) e, imediatamente depois, o dólar saltou mais de 300 "pips", saindo de 5,1629 reais para 5,1935 reais --esta a máxima da sessão, em alta de 0,35%.

À medida que o operadores iam lendo o documento e, sobretudo, ouviam declarações do chair do Fed, Jerome Powell, investidores entraram com força na venda de dólares. Já no fim do pregão à vista, a moeda tocou 5,1059 reais, queda de 1,34%.

Na coletiva de imprensa, Powell disse que o mercado de trabalho dos EUA ainda tem "algum terreno a cobrir" antes que seja hora de retirar o apoio econômico e afirmou também que a inflação mais alta segue como reflexo de fatores transitórios.

"O Fed foi bastante 'dovish' (pró-estímulos). Deixou bastante em aberto o possível corte de estímulos. E ainda há milhões de empregos perdidos. Então a preocupação do Fed continua", disse Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office.

Para Gibertoni, o Fed mais ameno deve se combinar a um Copom na semana que vem mais "hawkish" (duro com a inflação), o que deverá beneficiar o real. A moeda brasileira teve nesta sessão o segundo melhor desempenho global, superado apenas pelo peso colombiano (+1,4%). Já o dólar perdia ante 29 de 33 pares, em queda de 0,22% contra uma cesta de rivais.

"O movimento de queda do dólar (no Brasil) pode ser mais persistente. Além de um Copom mais duro, especialmente se vier uma alta de 1 ponto percentual da Selic, ainda temos balança comercial melhor e fiscal também melhor, com queda da dívida. Isso tende a atrair capital para o Brasil", afirmou, mantendo previsão de dólar a 4,90 reais ao fim do ano.

A exatamente uma semana da decisão de juros pelo Copom, as elevações de estimativas para Selic e inflação continuaram. O BNP Paribas passou a ver juro básico de 8,5% ao término de 2022, depois de fechar este ano em 7,5% --contra expectativas anteriores de 7,5% e 6,5%, respectivamente. A Selic está em 4,25%, e o BNP projeta acréscimo de 1 ponto percentual em cada uma das duas próximas reuniões (agosto e setembro).

"Achamos que o ritmo mais rápido de normalização da taxa de juros é um bom presságio para a competitividade do real em 'carry' no universo dos mercados emergentes e que a moeda não tem sido totalmente impactada pela melhora nas transações correntes, nos termos de troca e na balança comercial", disseram em relatório Gustavo Arruda e Andre Digiacomo.

O BNP segue com uma posição otimista estrutural em real, financiada por euros.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

STF suspende prazos processuais em todas as ações ligadas ao RS
Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA