Tudo farei para garantir liberdade, diz Bolsonaro ao citar ministro da Defesa

Publicado em 05/08/2021 18:59 e atualizado em 06/08/2021 08:10

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro citou nesta quinta-feira o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, ao comentar que fará de tudo para garantir a liberdade dos brasileiros, em meio à escalada da crise com o Poder Judiciário.

"Quando assumi a Presidência, entreguei na mão de Deus a minha vida. Tudo farei, prezado Braga Netto, para garantir, com todo respeito aos médicos, um bem mais sagrado que a própria vida, que é a nossa liberdade", disse.

Em discurso na cerimônia de entrega das Medalhas da Ordem do Mérito Médico e Mérito Oswaldo Cruz, no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que há "interesses externos e internos" fazem com que além de seus deveres diários tenha que pensar em pessoas que desejam o que chamou de cadeira do poder por ambição e interesse de outras nações.

Nos últimos dias, a tensão entre o presidente e a cúpula do Judiciário aumentou, em meio a questionamentos, infundados, do chefe do Executivo sobre a lisura das urnas eletrônicas e até ameaças de que poderia não aceitar o resultado do pleito no próximo ano.

Mesmo não estando dentro das atribuições do Ministério da Defesa, Braga Netto --citado pelo presidente no discurso-- é um dos que se mostrou publicamente favorável à discussão sobre a eventual adoção do voto impresso para urnas eletrônicas.

Mais cedo, em entrevista a uma rádio do Rio de Janeiro, o presidente reclamou do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ter determinado investigação contra ele no inquérito das fake news por conta dos ataques ao sistema de votação brasileiro, e disse que a hora do ministro do STF vai chegar.

"E a hora dele vai chegar porque está jogando fora das quatro linhas da Constituição há muito tempo. Não pretendo sair das quatro linhas para questionar essas autoridades, mas acredito que o momento está chegando", disse Bolsonaro.

Na última quinta-feira, em sua live semanal, Bolsonaro mostrou vídeos já desmentidos anteriormente como supostos indícios de irregularidades nas eleições, depois ter prometido várias vezes que apresentaria provas de fraudes.

Fux diz que ataques de Bolsonaro atingem todo o STF e cancela reunião entre chefes dos Poderes

SÃO PAULO (Reuters) -Na primeira resposta direta após a escalada da tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal, o presidente do STF, Luiz Fux, rebateu na tarde desta quinta-feira os ataques feitos pelo chefe do Executivo a magistrados da corte e anunciou o cancelamento de uma reunião que ocorreria entre os chefes dos Poderes.

No pronunciamento ao fim da sessão do plenário, Fux disse ter alertado Bolsonaro, em reunião realizada no Supremo durante as férias de julho, sobre os limites do exercício do direito da liberdade de expressão, bem como sobre o "necessário e inegociável respeito entre os Poderes para a harmonia institucional do país".

"Contudo... o presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta corte, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Além disso, Sua Excelência mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do plenário, bem como insiste em colocar sob suspeição a higidez do processo eleitoral brasileiro", disse Fux.

"Diante dessas circunstâncias, o Supremo Tribunal Federal informa que está cancelada a reunião outrora anunciada entre os chefes de Poder, entre eles o presidente da República. O pressuposto do diálogo entre os Poderes é o respeito mútuo entre as instituições e seus integrantes", afirmou.

Fux destacou ainda que o diálogo eficiente pressupõe "compromisso permanente com as próprias palavras, o que, infelizmente, não temos visto no cenário atual".

"O Supremo Tribunal Federal, de forma coesa, segue ao lado da população brasileira em defesa do Estado Democrático de Direito e das instituições republicanas, e se manterá firme em sua missão de julgar com independência e imparcialidade, sempre observando as leis e a Constituição", finalizou.

Havia a expectativa de que uma reunião entre chefes de Poderes fosse realizada este mês após o encontro deles ter sido cancelado no mês passado em razão de o presidente ter sido internado após uma obstrução intestinal.

Entretanto, nos últimos dias, a tensão entre o presidente e a cúpula do Judiciário aumentou, em meio a questionamentos infundados do chefe do Executivo sobre a lisura das urnas eletrônicas, ameaças de que poderia não aceitar o resultado do pleito no próximo ano e até mesmo colocar em dúvida a realização do pleito.

Bolsonaro elevou os ataques para um tom de ameaça depois de ter sido incluído no rol de investigados por Alexandre de Moraes no inquérito das fake news a pedido do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, que também integra o STF, e outros ministros do TSE.

Em entrevista a uma rádio do Rio de Janeiro, mais cedo, o presidente disse que a hora de Moraes vai chegar.

 

Fonte: Reuters

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