Dólar cai mais de 1% ante real com recuperação de moedas arriscadas no exterior

Publicado em 19/05/2022 10:37

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha queda contra o real nesta quinta-feira, alinhando-se a movimento internacional de recuperação de moedas arriscadas depois de uma forte onda de vendas na véspera, quando temores sobre inflação, aperto monetário e possível desaceleração econômica aumentaram a busca por segurança.

Às 10:27 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,12%, a 4,9257 reais na venda, e chegou a cair 1,41% na mínima da sessão, a 4,9107 reais.

Na B3, às 10:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,91%, a 4,9410 reais.

As perdas acompanhavam a queda de cerca de 0,8% do índice do dólar no exterior, no que alguns participantes do mercado avaliavam como um ajuste técnico depois de a moeda ter avançado 0,55% contra pares de países ricos na véspera, encerrando uma série de três dias de baixa. O enfraquecimento do dólar também refletia uma queda nos rendimentos dos títulos soberanos dos EUA.

Divisas de países emergentes ou sensíveis às commodities aproveitavam a deixa e avançavam contra o dólar nesta manhã, recuperando-se depois de uma sessão difícil na véspera. Peso mexicano, peso chileno, rand sul-africano e dólar australiano, moedas cujo movimento o real tende a acompanhar, ganhavam entre 0,7% e 1,2% no dia.

Apesar do ajuste nos mercados de câmbio internacionais nesta quinta-feira, vários especialistas alertavam para a manutenção do cenário cauteloso, que na véspera golpeou ativos arriscados de todo o mundo. Dois dos principais índices acionários de Wall Street, por exemplo, fecharam a última sessão com perdas superiores a 4%, e mais danos eram registrados na abertura desta manhã. [.NPT]

Na Europa, as principais bolsas também estendiam a baixa expressiva vista na véspera, com um índice referencial perdendo 2% no dia. [.EUPT]

"A aversão ao risco ganha força diante de preocupações com o crescimento global", disse o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco em relatório. "Pesam sobre a avaliação de riscos as incertezas com os desdobramentos da guerra na Ucrânia, com a política de combate à Covid na China e com as persistentes pressões inflacionárias e seus impactos sobre a condução da política monetária no mundo."

O banco central dos Estados Unidos, por exemplo, está enfrentando a alta dos preços com maior agressividade do que o inicialmente previsto pelos mercados, o que levou o índice do dólar a tocar seu maior patamar em duas décadas recentemente.

Nesse contexto, estrategistas do Citi notaram em relatório que "o câmbio latino-americano enfraqueceu ao longo do último mês, à medida que a aversão ao risco aumenta e o 'carry' (retorno oferecido pelas moedas) se tornou menos favorável nesses ambientes de aversão a risco".

O banco norte-americano piorou sua expectativa para a performance do real no curto prazo, vendo a divisa em 5,15 por dólar nos próximos três meses, de 4,70 previstos para o mesmo período antes. A projeção de médio prazo -- para os próximos seis a 12 meses -- também piorou, a 5,30 por dólar, contra previsão anterior de 5,20.

"Embora os preços das commodities permaneçam elevados em níveis favoráveis para o real, o recente fortalecimento do dólar levou a uma desvalorização considerável" da moeda brasileira, completou o Citi. "Olhando para frente, a escalada de riscos internos depois das eleições (de outubro) em meio a condições monetárias globais mais restritivas devem levar a mais depreciação do real."

O dólar spot subiu 0,78%, a 4,9813 reais na venda, na última sessão.

Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de julho de 2022.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

STF suspende prazos processuais em todas as ações ligadas ao RS
Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA