Volume de serviços do Brasil fica estável em novembro e aponta perda de fôlego
Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) -O setor de serviços brasileiro registrou estabilidade em novembro, no segundo mês seguido sem crescimento do volume, indicando perda de fôlego em um ambiente de juros altos e desaceleração global.
O resultado, após queda de 0,5% em outubro, foi mais fraco do que a expectativa em pesquisa da Reuters, que apontava um avanço de 0,2%.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quinta-feira que, após o dado, o setor ficou 10,7% acima do patamar pré-pandemia, mas está 0,5% abaixo do recorde alcançado em setembro de 2022.
O acumulado do ano até novembro mostra que o setor tem expansão de 8,5% do volume.
Na comparação com novembro do ano anterior, houve expansão de 6,3%, enquanto economistas esperavam alta de 6,2%.
"O resultado de novembro pode ser lido como uma perda de fôlego frente aos avanços registrados nos meses anteriores", avaliou o analista da pesquisa, Luiz Almeida, lembrando que, de março a setembro, o índice acumulou crescimento de 5,8%.
"Ainda é cedo para falarmos se estamos diante de um ponto de inflexão da trajetória", completou Almeida, destacando que as atividades que vinham se mostrando como pilares do setor -- tecnologia da informação e transporte de cargas-- tiveram desaceleração do crescimento em novembro.
No mês, três das cinco atividades investigadas tiveram recuo no volume, com destaque para a queda de 0,7% de serviços de informação e comunicação, depois de avançar 5,1% no acumulado do período de julho a outubro.
Esse resultado foi influencido principalmente pela contração de 4,1% do setor de tecnologia da informação, depois de quatro meses de alta.
O segundo impacto negativo no índice de novembro foi da queda de 2,2% de outros serviços, seguido da retração de 0,8% nos serviços prestados às famílias.
Os resultados positivos foram registrados por transportes, de 0,3%, e serviços profissionais, administrativos e complementares, de 0,2%.
O índice de atividades turísticas, por sua vez, recuou 0,1% frente a outubro, segundo resultado negativo seguido, acumulando nesse período contração de 2,7%.
O segmento de turismo, assim, ainda está 2,5% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, pré-pandemia, e 9,6% abaixo do ponto mais alto da série, de fevereiro de 2014.
Analistas projetam que o final de 2022 foi fraco para os serviços, depois de se favorecerem da reabertura no pós-pandemia, uma vez que, assim como o restante da economia, passa a sentir com mais forças os efeitos defasados da elevação nos juros no país.
A fraqueza de serviços acompanha os resultados da indústria e das vendas no varejo em novembro, com ambos apresentando quedas.
(Por Camila MoreiraEdição de Luana Maria Benedito)