Petróleo recua mais de US$ 6 e fecha em baixa, com dólar em alta

Publicado em 22/08/2008 18:06

O preço do petróleo fechou em baixa nesta sexta-feira, caindo mais de US$ 6 em relação ao preço final de ontem. O dólar voltou a ganhar força frente ao euro, o que ajuda a aliviar a pressão sobre os preços das commodities.

O barril do petróleo cru para entrega em outubro, negociado na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), encerrou o dia cotado a US$ 114,59, em baixa de 5,44% (ontem, o barril encerrou o dia cotado a US$ 121,18). Durante o dia, o barril atingiu o preço máximo de US$ 121,86 e o mínimo de US$ 114,18.

O dólar ganhou terreno no câmbio com o euro: a moeda européia foi negociada hoje a US$ 1,4806, contra US$ 1,4877. A moeda americana se beneficiou dos comentários do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, hoje.

Ele disse que vê com otimismo a quedas recentes no preço do petróleo e de outras commodities e que a inflação no país deve passar a um ritmo mais moderado neste ano e no próximo. "O recente declínio nos preços das commodities, assim como a crescente estabilidade do dólar, tem sido encorajadores", afirmou, durante a conferência anual do Fed de Kansas (uma das 12 divisões regionais do BC dos EUA).

Com a inflação cedendo, o Fed pode manter por mais tempo sua taxa de juros no atual patamar, 2% ao ano --o banco cortou a taxa sete vezes seguidas entre setembro do ano passado e abril deste ano, a fim de baratear o crédito e estimular a economia. O dólar valorizado dificulta o acesso ao petróleo: como a commodity é cotada em dólares, o barril fica mais caro, diminuindo a pressão da demanda.

"O dólar foi alvejado ontem e todos correram para comprar commodities como proteção. Agora o dólar está ganhando força, o que leva todos a venderem commodities de novo", disse à agência de notícias Associated Press (AP) o analista Phil Flynn, da Alaron Trading.

O dólar caiu ontem depois da divulgação de indicadores pouco favoráveis --como o índice que apura o desempenho dos principais indicadores da economia americana, que registrou uma queda acentuada em julho, de 0,7%, contra uma expectativa de queda de apenas 0,2%. Foi a maior queda desde agosto do ano passado, quando o índice recuou 1%.

"Obviamente a disparada de ontem foi exagerada e estamos simplesmente vendo a retração em busca do prêmio de risco especulativo injetado no mercado", disse à AP o presidente da consultoria de energia Ritterbusch and Associates, Jim Ritterbusch.

Rússia

Parte dos temores dos investidores sobre a tensão envolvendo a Rússia diminuíram hoje. O ministro russo da Defesa, Anatoly Serdyukov, informou ao presidente do país, Dmitri Medvedev, que as tropas russas completaram seu recuo em território georgiano até a Ossétia do Sul. O ministro destacou que os militares entraram na região separatista georgiana da Ossétia do Sul e que algumas unidades já retornaram para território russo. A notícia ajudou a tranqüilizar os investidores sobre eventuais riscos às instalações petrolíferas na região do Cáucaso.

Permanece no entanto, outra fonte de preocupações: o governo russo informou que terá de reagir "não apenas com medidas diplomáticas" ao acordo assinado entre EUA e Polônia para a instalação de um sistema de defesa antimísseis em território polonês. O governo russo diz que essa aliança vai gerar uma nova corrida armamentista na Europa. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, descartou as sugestões de que o sistema representem uma ameaça à Rússia.

"Ainda é apenas especulativo dizer se a Rússia vai usar o petróleo como arma para punir os países ocidentais", disse à AP o analista Victor Shum, da Purvin & Gertz em Cingapura.

 

Fonte: Folha Online

Fonte: Folha Online

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