Após queda firme com Fed, juros futuros curtos tendem a se ajustar em alta com Copom

Publicado em 13/12/2023 20:13 e atualizado em 14/12/2023 07:40


Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -Depois de as taxas dos contratos futuros de juros terem fechado a quarta-feira com quedas firmes, refletindo a decisão de política monetária do Federal Reserve, a tendência é que passem por ajustes de alta nesta quinta-feira, na esteira do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, avaliaram profissionais ouvidos pela Reuters.

O Fed manteve na tarde de quarta-feira sua taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50%, mas projetou cortes de juros de 75 pontos-base em 2024 -- mais do que o previsto anteriormente -- e inflação na meta de 2% em 2026. A postura foi considerada mais branda do que em reuniões anteriores, o que levou as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) a cederem mais de 15 pontos-base em alguns vencimentos.

Na prática, conforme a economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, com o Fed, o mercado “operou a possibilidade de aceleração” nos cortes da taxa básica Selic.

“Mas o comunicado do Copom volta com a ideia de que o BC vê o ritmo de 50 pontos-base de corte como adequado, o que o torna mais hawkish (duro)”, avaliou Victal.

Além de cortar a Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano, o Copom repetiu em comunicado que antevê redução de mesma magnitude da taxa básica “nas próximas reuniões” -- ou seja, pelo menos em janeiro e março do próximo ano.

De acordo com Victal, com a sinalização do BC, e desconsiderando eventual nova influência de dados norte-americanos a serem divulgados nesta quinta-feira, a tendência é de que haja algum ajuste de alta das taxas futuras de juros de curto prazo no Brasil.

Esta também é a avaliação do economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, que projeta ajustes em especial nos contratos futuros para janeiro de 2025 e janeiro de 2026.

“Pensando só pela comunicação do Copom, e dado o movimento (de queda de taxas dos DIs) hoje (quarta-feira), esperaria uma correção para cima (dos juros futuros)”, disse Serrano, pontuando que as taxas de janeiro 2025 e janeiro 2026 tendem a subir um pouco.

Entre os contratos com prazos mais longos, o movimento tende a ser ditado novamente pelo exterior, como vem ocorrendo.

De acordo com Serrano, ao manter a expressão “próximas reuniões” para se referir ao futuro do ciclo, o BC reforçou a mensagem de que o ritmo de cortes a ser mantido é o de 50 pontos-base.

Para Caio Schettino, head de alocações da Criteria, tanto a decisão do Fed quanto a do BC brasileiro vieram dentro do esperado.

“Eu não via muito sentido tanto o Fed quanto o BC fugirem muito do que vinha sendo precificado. No Brasil, já havíamos precificado dois cortes de meio ponto percentual nas duas próximas reuniões e, com o mercado e o BC alinhados, não havia por que romper isso”, avaliou Schettino.

CÂMBIO

Para o mercado de câmbio, os efeitos da decisão do BC podem ser no sentido de nova queda para o dólar ante o real nesta quinta-feira, após a moeda norte-americana à vista ter encerrado a quarta-feira com quase 1% de baixa, na esteira do Fed.

Isso porque, ao reforçar a perspectiva de mais cortes de 0,50 ponto percentual -- e não de 0,75 ponto percentual, como chegou a ser aventado na curva brasileira -- a leitura é de que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos seguirá em níveis mais elevados, pelo menos por enquanto, o que favorece a atração de divisas para o país.

“Amanhã (quinta-feira), pode ser que o real se aprecie novamente, e não o contrário”, completou Serrano.

(Edição de Isabel Versiani)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar fecha estável após leilões do BC, mas sobe 2,18% na semana
Congresso aprova Orçamento de 2026 com R$61 bi de emendas e superávit de R$34,5 bi
Brasil espera que acordo Mercosul-UE seja assinado o mais rápido possível, diz Alckmin
PF conclui que Bolsonaro precisa de cirurgia de hérnia
Taxas dos DIs caem na contramão dos Treasuries em dia de ajustes
Ações europeias fecham em máxima recorde impulsionadas por setor de defesa