Dólar sobe ante real em linha com exterior em meio à expectativa de afrouxamento gradual no Fed
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia frente ao real nesta segunda-feira, em linha com a força da divisa norte-americana no exterior, com os investidores na espera de dados cruciais de inflação nos Estados Unidos enquanto avaliam a expectativa de um afrouxamento monetário gradual no Federal Reserve.
Às 9h45, o dólar à vista subia 0,82%, a 5,6352 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,52%, a 5,645 reais na venda.
Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,30%, cotado a 5,5895 reais.
Nesta manhã, o dólar experimentava ganhos amplos nos mercados globais, uma vez que dados mistos de emprego dos EUA na semana passada fortaleceram as apostas de que o Fed fará um corte de 25 pontos-base nos juros em sua reunião deste mês, derrubando a probabilidade de uma redução maior de 50 pontos.
Os números divulgados na sexta-feira mostraram que os empregadores norte-americanos criaram menos vagas de trabalho fora do setor agrícola do que o esperado, mas uma queda na taxa de desemprego apoiou a tese de que o mercado de trabalho está passando por um esfriamento gradual, e não está em colapso.
O relatório de emprego ainda foi acompanhado de comentários de autoridades do Fed que também avaliaram os dados como um sinal de moderação da economia norte-americana, rejeitando os temores de uma recessão na maior economia do mundo.
Apesar de um ciclo de cortes de juros no Fed ser, em tese, um fator negativo para o dólar, já que ele perde atratividade com a queda nos rendimentos dos Treasuries, a moeda se recuperava após perdas acumuladas em meio às projeções de que o banco central dos EUA seria mais agressivo em seu afrouxamento.
"Investidores reagem a um ajuste nas expectativas pela trajetória dos juros. Lá fora, a redução das apostas de um corte mais agressivo de 0,50 ponto percentual pelo Federal Reserve em 18 de setembro favorece uma pequena elevação dos Treasuries e um fortalecimento da moeda do país", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Operadores colocavam 75% de chance de o Fed cortar os juros em 25 pontos-base na reunião de 17 e 18 de setembro. Eles vem 110 pontos de afrouxamento até o fim do ano.
Com isso o dólar avançava sobre seus pares fortes, e o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,39%, a 101,590.
Em mercados emergentes, o desempenho da moeda norte-americana era misto, uma vez que era afetado pela recuperação dos preços de commodities importantes, como o petróleo e o minério de ferro, o que ajuda as divisas de países exportadores de matérias-primas.
O dólar subia frente ao rand sul-africano, mas recuava ante o peso mexicano e o peso colombiano.
Nesta semana, os mercados globais estarão atentos à divulgação de dados de inflação dos EUA, com os números de preços ao consumidor na quarta-feira e o relatório de preços ao produtor na quinta.
No cenário nacional, agentes financeiros ainda ponderam sobre o que o Banco Central fará em sua próxima reunião, também em 17 e 18 de setembro, com ampla expectativa de uma alta de 25 pontos-base na Selic, atualmente em 10,50% ao ano, uma vez que as autoridades têm mostrado desconforto com leituras recentes de inflação.
Mais cedo, analistas consultados pelo BC na pesquisa Focus passaram a projetar alta na taxa básica de juros neste mês, com a Selic encerrando o ano a 11,25%. Eles veem aumento de 0,25 ponto em cada uma das três últimas reuniões deste ano.
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