Dólar fecha a R$6,0650 à espera de Trump; Haddad diz que divisa está "cara"

Publicado em 17/01/2025 17:14

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -Em sessão marcada pela expectativa antes da posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o dólar oscilou entre altas e baixas nesta sexta-feira e encerrou o dia próximo da estabilidade, na faixa dos 6,06 reais, ainda que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha defendido que a divisa esteja “cara” para os fundamentos do país.

O dólar à vista fechou em leve alta de 0,16%, aos 6,0650 reais. Na semana, porém, a moeda acumulou baixa de 0,62%. Às 17h09, na B3, o dólar para fevereiro -- atualmente o mais líquido -- subia 0,16%, aos 6,0770 reais.

Pela manhã o dólar registrou volatilidade maior ante o real, com investidores se preparando para a posse de Trump, na segunda-feira, e repercutindo alguns números da economia chinesa e dos EUA.

O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,4% no quarto trimestre de 2024, ante o mesmo período do ano anterior, superando a projeção de 5,0% em pesquisa da Reuters. No acumulado do ano passado, o crescimento chinês atingiu a meta de 5% do governo.

Nos EUA, a produção manufatureira aumentou 0,6% em dezembro, após ganho revisado para cima de 0,4% em novembro, informou o Federal Reserve durante a manhã. Economistas consultados pela Reuters previam aumento de 0,2%, após alta de 0,2% relatada anteriormente.

Neste cenário, o dólar à vista oscilou entre a cotação mínima de 6,0278 reais (-0,45%), às 9h13, e a máxima de 6,0912 reais (+0,60%), às 11h01.

Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram, no entanto, que não havia gatilhos fortes para o dólar se firmar em nenhuma direção. Durante a tarde isso ficou ainda mais claro, quando as cotações se mantiveram próximas da estabilidade e a liquidez foi reduzida, com boa parte dos agentes apenas esperando a sexta-feira terminar.

Embora a segunda-feira possa ser importante para os ativos globais, em função da posse de Trump, o dia também será coincidentemente de feriado nos Estados Unidos (Dia de Martin Luther King), o que manterá a bolsa norte-americana fechada, reduzindo a liquidez também nos mercados de câmbio em todo o mundo.

Entre os agentes do mercado, uma das avaliações é de que, dependendo das medidas a serem adotadas no início do governo Trump -- se mais ou menos inflacionárias para os Estados Unidos --, os Treasuries tendem a passar por ajustes mais fortes, assim como o dólar, com reflexos também para as cotações no Brasil.

Durante a tarde desta sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pontuou durante entrevista à CNN Brasil que a cotação do dólar depende de algumas variáveis -- inclusive da geopolítica internacional -- que não estão sob o controle do governo.

Ao mesmo tempo, defendeu que um dólar acima de 6,00 reais é caro, considerando os fundamentos do país.

"Se eu dissesse que hoje eu compraria o dólar a 6 reais? Não, eu não compraria acima de 5,70 reais", afirmou o ministro. "Na minha opinião, qualquer coisa acima de 5,70 é caro para os fundamentos da economia brasileira hoje."

Às 17h12, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,35%, a 109,350.

(Edição de Pedro Fonseca)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa fecha em alta e retorna aos 160 mil pontos com política e inflação no radar
Brasil vive pior crise institucional desde a democratização e 2026 ainda não deve trazer mudança profunda
Dólar tem baixa firme ante o real com cancelamento de entrevista de Bolsonaro
Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
STF autoriza cirurgia de Bolsonaro no dia 25 de dezembro
Ações europeias fecham em nova máxima recorde com impulso de Novo Nordisk a setor de saúde