Dólar tem leve baixa ante real com atenção ainda voltada para Trump

Publicado em 21/01/2025 17:09 e atualizado em 20/02/2025 11:10

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a terça-feira em leve baixa ante o real, numa sessão com noticiário esvaziado no Brasil e cautela em relação ao cenário externo, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não anunciar novas tarifas de importação ao assumir o mandato na véspera.

Ao contrário do que ocorreu na segunda-feira, quando realizou dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra no futuro), o Banco Central se manteve longe dos negócios nesta terça.

O dólar à vista fechou em leve queda de 0,18%, aos 6,0313 reais. Em janeiro, a moeda acumula baixa de 2,39%. Às 17h28 na B3 o dólar para fevereiro -- atualmente o mais líquido -- tinha leve alta de 0,05%, aos 6,0385 reais.

Na segunda-feira, o dólar já havia cedido ante o real após notícias de que Trump não iria impor novas tarifas de importação em seu primeiro dia na Presidência dos Estados Unidos -- o que foi posteriormente confirmado. Por trás do movimento está a percepção de que tarifas não tão elevadas significam inflação e juros não tão altos nos EUA, o que favorece divisas de países emergentes.

A venda de 2 bilhões de dólares ao mercado pelo BC, nas operações de linha, foi outro fator de acomodação para as cotações na véspera.

Nesta terça-feira, porém, o BC não atuou, ao mesmo tempo em que os agentes seguiram atentos à política de Trump e seus desdobramentos nos ativos globais.

“Existe um medo de Trump, mas ao que tudo indica ele vai ter cautela antes de subir as tarifas. O DXY (dólar index) caiu, o euro está se valorizando... o dólar entrou num movimento um pouco melhor”, comentou durante a tarde Victor Furtado, head de Alocação da W1 Capital.

Pela manhã o dólar chegou a subir ante uma cesta de moedas fortes, mas à tarde já havia se reaproximado da estabilidade, depois de ter recuado mais de 1% na segunda-feira.

No Brasil, a moeda norte-americana à vista atingiu a máxima de 6,0685 reais (+0,44%) às 9h12, logo após a abertura e em sintonia com o avanço firme no exterior, mas perdeu força até uma mínima de 6,0170 reais (-0,41%) às 15h41. Depois disso, oscilou muito próximo da estabilidade até o fechamento.

“O mercado está digerindo as informações de ontem, sobre quais vão ser as prioridades do governo Trump e seus efeitos ao redor do mundo. É um dia de certa forma de cautela”, pontuou Furtado.

Países que estão na mira mais imediata das tarifas de Trump, como México e Canadá, viram suas moedas serem penalizadas mais diretamente nesta terça-feira. O peso mexicano era a divisa que mais se desvalorizava no mundo no fim da tarde e o dólar canadense também estava em queda.

Às 17h25, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,07%, a 108,060.

Pela manhã, o Banco Central vendeu 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa fecha em alta e retorna aos 160 mil pontos com política e inflação no radar
Brasil vive pior crise institucional desde a democratização e 2026 ainda não deve trazer mudança profunda
Dólar tem baixa firme ante o real com cancelamento de entrevista de Bolsonaro
Taxas dos DIs fecham com baixas leves em reação positiva após Bolsonaro cancelar entrevista
STF autoriza cirurgia de Bolsonaro no dia 25 de dezembro
Ações europeias fecham em nova máxima recorde com impulso de Novo Nordisk a setor de saúde