Dólar tem leve baixa ante real apesar de Trump ameaçar países com tarifas
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Apesar das ameaças dos Estados Unidos de novas tarifas de importação, o dólar fechou a segunda-feira em leve baixa ante o real, refletindo a cautela dos agentes em relação à política comercial norte-americana e a atuação de exportadores no mercado brasileiro, vendendo moeda quando as cotações superaram os R$ 5,80.
O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,12%, aos 5,7859 reais. Em 2025 a moeda norte-americana acumula queda de 6,36%.
Às 17h05 na B3 o dólar para março -- atualmente o mais líquido -- cedia 0,41%, aos R$ 5,8065.
No domingo o presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu anunciar nesta segunda-feira tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, que se somariam às tarifas existentes sobre metais. Além disso, afirmou que anunciará tarifas recíprocas na terça ou na quarta-feira, que entrarão em vigor quase imediatamente.
"De forma muito simples, se eles nos cobrarem, nós os cobraremos", resumiu Trump.
Em tese, a adoção de tarifas é um fator inflacionário para os EUA, com reflexos no dólar e na curva de juros norte-americana. Assim, as novas ameaças de Trump chegaram a impulsionar o dólar ante várias divisas no início do dia, incluindo o real. Às 9h04, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de R$ 5,8236 (+0,53%).
Após este pico, no entanto, o dólar perdeu força e migrou rapidamente para o território negativo.
“Tivemos uma venda forte (de dólares) por parte de exportadores. Com a moeda acima de R$ 5,80 eles entraram vendendo, tanto no pronto (mercado à vista) quanto no futuro”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
“Muitos exportadores viram que ‘perderam’ a oportunidade de vender dólares a R$ 6,00. Então agora eles entram vendendo quando a moeda bate nos R$ 5,80”, acrescentou.
Às 10h25, o dólar à vista marcou a cotação mínima do pregão, de R$ 5,7641 (-0,49%).
A perda de força do dólar ante o real esteve ligada também à cautela dos investidores antes de incorporar aos preços as novas ameaças de Trump de imposição de tarifas -- ainda que o aço seja um importante produto de exportação do Brasil aos EUA.
Tanto que durante a sessão os rendimentos dos Treasuries se mantiveram acomodados e o dólar se desvalorizava ante boa parte das demais divisas.
Agentes do mercado lembravam que, no caso de México e Canadá, os EUA haviam anunciado tarifas comerciais de 25% na semana passada, para depois suspendê-las por 30 dias para negociar.
Às 17h11, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia apenas 0,02%, a 108,320, em um claro sinal de acomodação das cotações.
Pela manhã o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.
0 comentário

Ibovespa avança na abertura com aval de commodities e JBS em alta

Wall St abre sem direção comum enquanto investidores avaliam perspectivas de tarifas

Preços do minério de ferro seguem firmes com demanda sazonal da China

Dólar tem leve alta enquanto mercados aguardam detalhes sobre tarifas dos EUA

China tem margem de manobra "muito grande" para estimular crescimento, afirma assessor do BC

Lula diz esperar início de negociações de acordo entre Mercosul e Japão no próximo semestre