Juros futuros curtos caem e longos sobem em ajustes após Copom
SÃO PAULO (Reuters) - A primeira sessão após o Copom ter elevado a Selic para 15% ao ano foi de alta firme das taxas dos DIs com prazos mais curtos e de baixa nos vencimentos longos, com investidores ajustando nesta sexta-feira posições em toda a estrutura da curva a termo, depois de o Banco Central ter passado uma mensagem firme sobre o controle da inflação.
Vencimento mais negociado no dia, com mais de 900 mil contratos, o DI para julho de 2025 subiu 11 pontos-base, para 14,901%, com investidores que estavam posicionados na manutenção da Selic em 14,75% fechando posições e assumindo prejuízos.
Também houve ajustes de alta significativos nas taxas dos contratos até janeiro de 2026, refletindo a perspectiva de que a Selic seguirá em 15,00% pelo menos até o início do próximo ano. No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 14,955%, ante o ajuste de 14,866% da sessão anterior.
Estes ajustes de alta das taxas mais curtas -- que no início da sessão chegaram a se estender aos contratos até janeiro de 2027 -- refletiram diretamente a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que na noite de quarta-feira elevou a Selic em 25 pontos-base, de 14,75% para 15,00%.
Isso surpreendeu boa parte do mercado. Na quarta-feira, antes da decisão, a precificação das opções de Copom negociadas na B3 indicava 61,50% de chances de alta adicional de 25 pontos-base (como de fato ocorreu), mas 38,00% de probabilidade de manutenção. Na prática, dois em cada cinco agentes estavam posicionados na manutenção.
Além da elevação em si, o BC transmitiu uma mensagem hawk (dura) sobre o cenário, ao indicar que tende a manter a Selic em 15,00% no encontro de julho “para examinar os impactos já acumulados do ajuste já realizado”, como registrou seu comunicado, mas deixando a porta aberta para uma retomada do ciclo de altas depois disso, se necessário.
Com o discurso duro do BC, a curva também refletiu nesta sexta-feira pós-feriado a percepção de que o início de um novo ciclo -- desta vez de cortes da Selic -- não vai ocorrer no fim deste ano, mas apenas em 2026, com chances razoáveis de que aconteça mais para o fim do primeiro trimestre ou início do segundo.
Entre os contratos mais longos, a partir de janeiro de 2028, a sexta-feira foi marcada por queda firme dos prêmios de risco, em meio à percepção de que o BC está, de fato, comprometido em segurar a inflação.
No fim da tarde a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,53%, em alta de 18 pontos-base ante 13,706% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,61%, ante 13,67%.
O recuo das taxas longas no Brasil foi favorecido ainda pela queda dos rendimentos dos Treasuries durante a tarde, depois que a Casa Branca disse que o presidente dos EUA, Donald Trump, decidirá nas próximas duas semanas se o país vai intervir ao lado de Israel no conflito com o Irã. Isso representa um adiamento da decisão sobre envolver ou não o exército dos EUA.
Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 2 pontos-base, a 4,379%.
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