Acordo comercial entre Canadá e EUA ainda pode demorar semanas, diz Ottawa

Publicado em 01/08/2025 17:19 e atualizado em 01/08/2025 18:00

Por David Ljunggren

OTTAWA (Reuters) - Um acordo comercial entre os Estados Unidos e o Canadá ainda pode demorar algumas semanas, disse o negociador-chefe de Ottawa nesta sexta-feira, um dia após o presidente dos EUA, Donald Trump, impor tarifas mais altas aos produtos do Canadá.

Trump -- que havia estabelecido o prazo de 1º de agosto para um acordo -- assinou um decreto subindo as tarifas sobre os produtos canadenses de 25% para 35% em todos os itens não cobertos pelo acordo comercial EUA-México-Canadá.

O primeiro-ministro Mark Carney insistiu nas conversas para redefinir as relações bilaterais, dizendo que as tarifas de Trump derrubaram laços comerciais e de segurança de décadas. Mas até o momento as negociações pouco produziram.

Embora mais de 90% das exportações canadenses entrem nos Estados Unidos isentas, as tarifas se aplicam a setores cruciais como aço, alumínio e automóveis.

O ministro do gabinete federal Dominic LeBlanc, responsável pelas relações comerciais com os EUA, disse que o Canadá sempre deixou claro que só aceitaria um bom acordo.

"No final do expediente de ontem, esse acordo ainda não estava à vista... ainda há setores que os norte-americanos estão visando e que são essenciais para a economia canadense", disse ele à emissora pública Radio-Canada.

"Nas próximas semanas, (...) continuaremos a conversar com os americanos na tentativa de encontrar um acordo que nos coloque em uma posição melhor."

Separadamente, LeBlanc disse a jornalistas em Washington que falaria com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, na próxima semana.

"As portas não estão fechadas, estão abertas, as conversas estão em andamento", disse ele.

A Casa Branca citou o que considera o fracasso do Canadá em acabar com o contrabando de fentanil e abordar preocupações dos EUA sobre barreiras comerciais.

Washington também está insatisfeito com a recusa do Canadá em abandonar suas próprias contramedidas, impostas pela primeira vez pelo ex-primeiro-ministro Justin Trudeau. Ele renunciou em março e foi substituído por Carney, que venceu a eleição de abril prometendo enfrentar Trump.

Em junho, Carney ameaçou aumentar as contra-tarifas em julho, a menos que houvesse progresso no acordo. Uma declaração emitida por ele nesta sexta-feira não mencionou a retaliação.

Brian Clow, que foi responsável pelas relações com os EUA dentro do gabinete de Trudeau por vários anos, observou que Trump havia anunciado acordos com nações que se recusaram a impor contra-tarifas.

"Infelizmente, o Canadá está sozinho agora, junto com a China, porque muitos outros países (...) se recusaram a enfrentar esse presidente", disse ele por telefone. "Portanto, não tenho certeza de que uma nova retaliação seja o caminho a seguir."

(Reportagem de David Ljunggren em Ottawa)

Fonte: Reuters

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