Dólar oscila pouco com incertezas após entrada em vigor de tarifa dos EUA

Publicado em 06/08/2025 09:48 e atualizado em 06/08/2025 10:35

 

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta quarta-feira, conforme os investidores navegavam por incertezas relacionadas à entrada em vigor da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, com comentários do presidente do Banco Central também no radar.

Às 9h34, o dólar à vista caía 0,09%, a R$5,5009 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,07%, a R$5,538 na venda.

Os movimentos do real nesta sessão se assemelhavam aos observados na véspera, quando a divisa dos EUA fechou em baixa de 0,02%, com agentes financeiros resistindo a fazer grandes apostas em qualquer direção enquanto persistem incertezas sobre a questão comercial.

Uma dúvida que prevalece no mercado é se haverá novas isenções para a tarifa de 50% dos EUA a serem anunciadas pelo presidente Donald Trump, depois que na semana passada ele excluiu produtos como aeronaves, energia e suco de laranja da taxa punitiva. Cerca de 36% das exportações do Brasil aos EUA estão recebendo a taxa de 50% no momento.

Os investidores ainda ponderam se haverá reação de Trump à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar na segunda-feira a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, por violações de medidas cautelares impostas a ele.

Quando anunciou a tarifa sobre produtos do Brasil no mês passado, Trump vinculou a medida, entre outros assuntos, ao tratamento que Bolsonaro vinha recebendo do STF em seu julgamento por tentativa de golpe de Estado.

"Um ponto de preocupação é que as sanções recentes dos EUA e as tarifas foram explicitamente vinculadas a insatisfações em relação a processos judiciais no Brasil. Então, investidores temem que possa haver novas escaladas das tensões", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

O mercado doméstico também aguarda a apresentação de um plano de contingência pelo governo que buscará prestar assistência a setores e empresas afetadas pela tarifa dos EUA.

Mais cedo nesta quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o pacote de ajuda incluirá crédito para empresas e aumento de compras governamentais, acrescentando que conversará na semana que vem com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, para tratar do impasse comercial.

Para além do comércio, as atenções se voltarão mais tarde para o presidente do BC, Gabriel Galípolo, que fará palestra no evento Blockchain Rio 2025, no Rio de Janeiro, às 10h. Será sua primeira fala pública desde a mais recente decisão da autarquia de manter a taxa de juros em 15%.

No cenário externo, outros países também continuam buscando vias para negociar com os EUA, já que Trump pretende impor mais tarifas sobre parceiros na quinta-feira.

Investidores ainda esperam a indicação de Trump para uma vaga aberta na diretoria do Fed, após a renúncia antecipada da diretora Adriana Kugler na semana passada.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,17%, a 98,571.

Fonte: Reuters

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