Taxas dos DIs caem antes do Copom em dia de busca global por ativos de risco

Publicado em 05/11/2025 17:02

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em baixa em um dia positivo para os ativos de maior risco em todo o mundo, após a sessão de aversão ao risco da véspera, com os agentes no Brasil à espera da decisão do Copom sobre juros, no início da noite.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,125%, ante o ajuste de 13,159% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,59%, em baixa de 6 pontos-base ante o ajuste de 13,648%.

Na terça-feira, a busca por ativos seguros ao redor do mundo, em meio a receios de que possa haver uma correção intensa de preços no mercado de ações norte-americano, impulsionou o dólar ante as moedas de países emergentes e as curvas de juros de países como o Brasil.

Nesta quarta-feira, passada a onda de aversão ao risco, o movimento foi contrário, com o dólar se firmando em baixa ante o real e as taxas dos DIs cedendo ante os ajustes anteriores. O Ibovespa, que terminou a terça-feira com leve alta, subiu mais de 1%, para acima dos 152 mil pontos.

“Ontem houve um pouco de realização em cima da percepção de risco sobre valores muito esticados na bolsa americana”, disse o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, em referência aos receios de que possa haver uma forte correção das ações em Wall Street após os ganhos recentes puxados pela inteligência artificial. “Mas hoje houve alívio... saíram alguns dados (nos EUA)”, destacou.

Com o apagão de números oficiais gerado pela paralisação do governo dos EUA, investidores se apegaram nesta quarta-feira a dois dados do setor privado: o relatório da ADP, que mostrou a geração de 42.000 postos de trabalho privados em outubro, e o índice de gerentes de compras do setor de serviços, que subiu de 50,0 em setembro para 52,4 em outubro. Economistas ouvidos pela Reuters projetavam 28.000 postos no setor privado e índice do setor de serviços em 50,8.

Os resultados acima do esperado reduziram a atratividade dos Treasuries, em detrimento de ativos de maior risco. Na renda fixa brasileira, isso se traduziu na baixa das taxas dos DIs.

“Quando se pega esses dados, parece que a economia (dos EUA) está um pouco mais forte, aliviando risco de desaceleração mais forçada. Isso atrai a economia global para os ativos de risco”, ponderou Lima.

Ainda assim, os movimentos na curva brasileira foram limitados, com os investidores à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, após as 18h30.

A curva de juros e o mercado de opções de Copom da B3 seguiram precificando quase 100% de probabilidade de o BC manter a taxa básica Selic em 15% ao ano nesta quarta-feira, mas os agentes estarão atentos ao comunicado da decisão.

A dúvida é se o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC passará indicações sobre a possibilidade do início dos cortes da Selic em dezembro ou em janeiro, ou se seguirá sugerindo uma taxa básica estável "por período bastante prolongado" -- algo que vem sendo interpretado como uma redução da taxa apenas em março.

No mercado, as apostas atuais para uma baixa da Selic já em dezembro são reduzidas, mas o mercado mostra-se bastante dividido quanto ao início dos cortes em janeiro ou em março.

Às 16h46, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 7 pontos-base, a 4,161%.

Fonte: Reuters

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