Patria compra 51% de gestora Solis, especializada em Fidcs, de olho em avançar em crédito

Publicado em 26/11/2025 10:39 e atualizado em 26/11/2025 12:18

SÃO PAULO (Reuters) - A gestora de investimentos Patria anunciou nesta quarta-feira a compra de 51% da Solis, casa especializada em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fidc), em uma transação que não teve valor divulgado, mas que prevê a opção para compra do restante da participação na empresa pelo Pátria nos próximos três anos.

Com o negócio, o Patria Investimentos entra no mercado de Fidcs, que vem atravessando forte crescimento no país nos últimos anos, em meio a um ambiente de juros elevados da economia e um acúmulo de demanda por crédito do setor privado que tem sido dependente em grande parte da oferta dos bancos.

"Eles (Solis) têm uma base de ativos grande, são uma das líderes no segmento, então, sim, é uma quantia importante", disse o sócio e diretor do Pátria, José Augusto Teixeira, sobre o valor do negócio, sem revelar detalhes financeiros do acordo.

O Patria atualmente administra várias classes de investimentos, que incluem private equity, infraestrutura, capital de risco, crédito e imóveis, e tem um diálogo consolidado com pequenas e médias empresas que demandam crédito. Com a aquisição da Solis, que tinha R$20 bilhões em ativos sob gestão em 2024 e mira R$29 bilhões este ano, o Patria passa a ter "mais oportunidades de geração de crédito dentro do ecossistema", disse Teixeira.

Os atuais administradores e fundadores da Solis, Ricardo Binelli e Delano Macêdo, seguirão com independência na gestão do negócio. "A gente foi atraído pelo que eles construíram e pela maneira como eles fizeram, e queremos manter isso", disse Teixeira.

Um dos interesses do Patria na Solis são os fundos multisacados -- formados por diversos devedores e com múltiplos cedentes desses recebíveis -- pois isso é uma forma de pulverizar o risco, afirmou Teixeira, citando uma demanda "engargalada" por crédito no Brasil de cerca de R$9 trilhões.

Atualmente, o mercado de Fidcs no Brasil é de cerca de quase R$800 bilhões, um salto ante os R$200 bilhões de quatro anos atrás. Segundo Teixeira, o mercado brasileiro "fidicável", que poderia gerar crédito por meio de Fidcs, é de mais de R$4 trilhões.

"Todo crédito é fidicável", brincou Binelli na entrevista, mas citando exemplos concretos de Fidcs sendo montados para atender demanda de tomadores que incluem times de futebol, consórcios e mesmo para financiamento de painéis solares.

Além de fundos multisacados, Macêdo afirmou que a Solis tem focado também em consignado público e privado e "em algumas operações de cunho imobiliário", que incluem loteamentos.

O Fidc mais antigo da Solis está perto de completar 14 anos e a gestora tem cerca de 30 mil cotistas em seus fundos.

Com o negócio, Teixeira comentou que o Patria vai "incorporar sua plataforma que é forte em captação local e internacional de recursos com outra plataforma que tem capacidade de originação de crédito em qualidade e em escala e que pode ser potencializada pelo nosso ecossistema". Atualmente o Patria tem mais de US$50 bilhões sob gestão.

Macêdo afirmou que um dos objetivos após o negócio é avaliar todo esse ecossistema do Patria "para extrair valor para todo mundo... Já temos hoje um conjunto de projetos robusto", afirmou.

(Por Alberto Alerigi Jr.; )

Fonte: Reuters

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