Dólar se firma em baixa ante o real após Bolsonaro cancelar entrevista

Publicado em 23/12/2025 13:12

Por Fabricio de Castro

23 Dez (Reuters) - O dólar perdeu força e passou a recuar ante o real nesta terça-feira após a notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso por tentativa de golpe de Estado, cancelou uma entrevista prevista para o início da tarde por questões de saúde.

Às 13h07, o dólar à vista caía 0,73%, a R$5,5435 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro para janeiro -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 0,87%, a R$5,5490.

A entrevista, que seria dada ao site Metrópoles, seria a primeira desde a condenação de Bolsonaro e desde que o ex-presidente indicou seu filho Flávio, senador pelo PL, como candidato à Presidência em 2026.

Nas últimas semanas, a candidatura de Flávio vinha impulsionando o dólar, em meio à leitura no mercado de que ele seria menos competitivo que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma eventual disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Assim, o cancelamento da entrevista -- vista como um potencial evento de confirmação do nome de Flávio -- trouxe algum alívio para as cotações do dólar no Brasil, que oscilava abaixo dos R$5,50 neste início de tarde.

A perda de força ocorreu a despeito de o Banco Central não ter negociado toda a oferta de dólares nas operações de linha (venda de moeda com compromisso de recompra) do meio da manhã. O BC vendeu apenas US$500 milhões de um total de US$2 bilhões ofertados em dois leilões de linha simultâneos.

Os leilões buscam atender à maior demanda por moeda neste fim de ano, quando empresas tradicionalmente enviam recursos ao exterior para pagamento de dividendos.

Este ano, especificamente, os envios estão sendo potencializados por multinacionais que buscam se antecipar ao fim, em janeiro de 2026, da isenção de imposto de renda sobre as remessas ao exterior, que passarão a ser taxadas em 10%, e ao início da taxação de 10% sobre valores recebidos acima de R$50 mil por mês em dividendos.

Na segunda-feira o dólar à vista encerrou a sessão com alta firme, de 0,97%, a R$5,5844, com profissionais citando justamente as tradicionais remessas de fundos e empresas ao exterior para justificar o movimento.

Mais cedo nesta terça-feira, os dados de dezembro do IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, mostraram alta de 0,25% este mês, levemente inferior à taxa de 0,27% projetada por economistas em pesquisa da Reuters. Em novembro, o indicador havia avançado 0,20%.

No exterior, às 12h50 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,12%, a 98,119.

Fonte: Reuters

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