Em 2 dias Banco do Brasil perde R$ 5 bilhõe de valor
Publicado em 11/04/2009 18:40
e atualizado em 13/04/2009 08:41
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Excelente a reportagem no Globo de hoje, que é manchete do jornal, evidenciando que o Banco do Brasil perdeu, em valor de mercado, mais de R$ 5 bilhões em dois dias. Obra de Lula e da destrambelhada intervenção na direção do banco. Segue uma síntese da reportagem, que está no Globo Online:
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A ingerência política sobre o Banco do Brasil (BB) já custou R$ 5,211 bilhões em valor de mercado à instituição em apenas dois dias. Essa é a desvalorização do BB na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) - considerando o preço de todas as suas ações - depois que o governo trocou Antonio Lima Neto por Aldemir Bendine na presidência do banco , com o intuito de forçar a queda do spread (diferença entre o custo de captação e os juros cobrados nos empréstimos).
Como mostra reportagem publicada neste sábado no Globo, na terça-feira, os acionistas do BB foram dormir com papéis de um banco que valia R$ 48,491 bilhões. Na quinta-feira, depois de uma queda acumulada das ações de 10,75% em dois dias (de 8,15% na quarta e mais 2,82% na quinta-feira), o banco passou a valer R$ 43,280 bilhões. No mesmo período, a Bolsa subiu 3,91% pelo Índice Bovespa (Ibovespa).
Para analistas, as ações do BB sofreram um baque irreversível: mesmo que recuperem o que perderam nos últimos dias, serão por muito tempo avaliadas com um "desconto" maior frente a seus concorrentes. Isso já ocorre com a Petrobras em relação a similares estrangeiras.
Para Álvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Ágora, o caso é mais gritante pelo fato de o BB fazer parte do Novo Mercado da Bolsa, segmento de companhias com relações mais transparentes com os acionistas. E a empresa deve se pautar pela competitividade, para dar retorno ao investidor, afirmou.
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A ingerência política sobre o Banco do Brasil (BB) já custou R$ 5,211 bilhões em valor de mercado à instituição em apenas dois dias. Essa é a desvalorização do BB na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) - considerando o preço de todas as suas ações - depois que o governo trocou Antonio Lima Neto por Aldemir Bendine na presidência do banco , com o intuito de forçar a queda do spread (diferença entre o custo de captação e os juros cobrados nos empréstimos).
Como mostra reportagem publicada neste sábado no Globo, na terça-feira, os acionistas do BB foram dormir com papéis de um banco que valia R$ 48,491 bilhões. Na quinta-feira, depois de uma queda acumulada das ações de 10,75% em dois dias (de 8,15% na quarta e mais 2,82% na quinta-feira), o banco passou a valer R$ 43,280 bilhões. No mesmo período, a Bolsa subiu 3,91% pelo Índice Bovespa (Ibovespa).
Para analistas, as ações do BB sofreram um baque irreversível: mesmo que recuperem o que perderam nos últimos dias, serão por muito tempo avaliadas com um "desconto" maior frente a seus concorrentes. Isso já ocorre com a Petrobras em relação a similares estrangeiras.
Para Álvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Ágora, o caso é mais gritante pelo fato de o BB fazer parte do Novo Mercado da Bolsa, segmento de companhias com relações mais transparentes com os acionistas. E a empresa deve se pautar pela competitividade, para dar retorno ao investidor, afirmou.
BB do PT
Editorial da Folha de hoje:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que a redução do "spread" bancário -a margem entre o custo de captar o dinheiro e a taxa cobrada ao cliente no empréstimo- se tornou "obsessão" pessoal. A ministra Dilma Rousseff também avisou que o governo "não aguenta mais" pedir a redução dos juros.
A preocupação com o destino econômico do país era tamanha nas altas esferas da administração federal que a solução encontrada não poderia ser outra: aparelhar ainda mais o Banco do Brasil. O PT foi convocado para mais uma missão patriótica...
A nova anedota palaciana, disseminada na praça para tentar justificar a troca de comando no BB, não combina com alguns fatos. No período de impacto da turbulência global, o Banco do Brasil foi a instituição que mais reduziu as taxas de juros nos empréstimos pessoais. A taxa mensal, que era de 5,99% em agosto -no pré-crise, portanto-, foi 23% menor no mês passado.
O conjunto de bancos federais seguiu a linha do obcecado presidente da República e liderou, no período, a redução nas taxas de juros e o aumento na concessão de crédito. Esta expansão, aliás, elevou a participação dos bancos públicos no total dos empréstimos concedidos e evitou um tombo no crédito nacional.
O problema é que a teoria da "indução" -segundo a qual os bancos privados, temerosos de perder fatias do mercado, logo iriam aderir à expansão do crédito empreendida pelos públicos- ainda não funcionou. Não funcionou, pelo menos, do modo como seus propagandistas oficiais alardeavam: pois é razoável cogitar que a reação dos bancos privados à crise teria sido mais violenta, no sentido de restringir empréstimos e elevar taxas, não fosse a ação "contracíclica" das instituições públicas.
Seja como for, aumentar a tutela do governo e do PT sobre a direção do Banco do Brasil não vai resolver esse problema -resolverá outros, decerto, atinentes às eleições que se aproximam. Há limites para a ação antirrecessiva dos bancos públicos, e o principal é a responsabilidade fiscal: aventuras nessa seara redundam em contas bilionárias, divididas entre os contribuintes.
Acostumada a colher apenas os louros da bonança, a administração Lula evita assuntos espinhosos que poderiam diminuir o custo absurdo do dinheiro no Brasil. Faz espalhafato com o BB, mas dribla, por exemplo, a necessidade de modernizar o sistema de poupanças obrigatórias e tabeladas. Fundo de Garantia, Fundo de Amparo ao Trabalhador e caderneta de poupança são arcaísmos que direcionam, por força de lei, recursos que pertencem aos cidadãos. Estabelecem pisos artificiais para os juros de mercado, dificultando quedas maiores nas taxas.
A crise chegou ao Brasil há mais de seis meses, sob a forma de um torpedo no crédito, mas até hoje o governo não conseguiu formular um plano ambicioso para livrar o mercado de suas notórias amarras institucionais, concorrenciais e tributárias. Nem mesmo o chamado cadastro positivo -que possibilitaria a oferta de juros mais baixos para bons pagadores- foi aprovado no Congresso.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que a redução do "spread" bancário -a margem entre o custo de captar o dinheiro e a taxa cobrada ao cliente no empréstimo- se tornou "obsessão" pessoal. A ministra Dilma Rousseff também avisou que o governo "não aguenta mais" pedir a redução dos juros.
A preocupação com o destino econômico do país era tamanha nas altas esferas da administração federal que a solução encontrada não poderia ser outra: aparelhar ainda mais o Banco do Brasil. O PT foi convocado para mais uma missão patriótica...
A nova anedota palaciana, disseminada na praça para tentar justificar a troca de comando no BB, não combina com alguns fatos. No período de impacto da turbulência global, o Banco do Brasil foi a instituição que mais reduziu as taxas de juros nos empréstimos pessoais. A taxa mensal, que era de 5,99% em agosto -no pré-crise, portanto-, foi 23% menor no mês passado.
O conjunto de bancos federais seguiu a linha do obcecado presidente da República e liderou, no período, a redução nas taxas de juros e o aumento na concessão de crédito. Esta expansão, aliás, elevou a participação dos bancos públicos no total dos empréstimos concedidos e evitou um tombo no crédito nacional.
O problema é que a teoria da "indução" -segundo a qual os bancos privados, temerosos de perder fatias do mercado, logo iriam aderir à expansão do crédito empreendida pelos públicos- ainda não funcionou. Não funcionou, pelo menos, do modo como seus propagandistas oficiais alardeavam: pois é razoável cogitar que a reação dos bancos privados à crise teria sido mais violenta, no sentido de restringir empréstimos e elevar taxas, não fosse a ação "contracíclica" das instituições públicas.
Seja como for, aumentar a tutela do governo e do PT sobre a direção do Banco do Brasil não vai resolver esse problema -resolverá outros, decerto, atinentes às eleições que se aproximam. Há limites para a ação antirrecessiva dos bancos públicos, e o principal é a responsabilidade fiscal: aventuras nessa seara redundam em contas bilionárias, divididas entre os contribuintes.
Acostumada a colher apenas os louros da bonança, a administração Lula evita assuntos espinhosos que poderiam diminuir o custo absurdo do dinheiro no Brasil. Faz espalhafato com o BB, mas dribla, por exemplo, a necessidade de modernizar o sistema de poupanças obrigatórias e tabeladas. Fundo de Garantia, Fundo de Amparo ao Trabalhador e caderneta de poupança são arcaísmos que direcionam, por força de lei, recursos que pertencem aos cidadãos. Estabelecem pisos artificiais para os juros de mercado, dificultando quedas maiores nas taxas.
A crise chegou ao Brasil há mais de seis meses, sob a forma de um torpedo no crédito, mas até hoje o governo não conseguiu formular um plano ambicioso para livrar o mercado de suas notórias amarras institucionais, concorrenciais e tributárias. Nem mesmo o chamado cadastro positivo -que possibilitaria a oferta de juros mais baixos para bons pagadores- foi aprovado no Congresso.
Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo