Intelectuais assinam manifesto contra CPI dos repasses para MST
De acordo com o Estado de S. Paulo, um grupo de 60 intelectuais, políticos, juristas, representantes da Igreja e sindicalistas, entre outros, divulgou ontem um manifesto com duras críticas à proposta de CPI apresentada por três parlamentares do DEM para investigar os repasses ao Movimento dos Sem-Terra (MST). O documento defende a atualização dos índices de produtividade no campo. "É contra essa bandeira que a bancada ruralista do Congresso reage. Como represália, busca, mais uma vez, articular a formação de uma CPI contra o MST. Seria a terceira em cinco anos", diz.
Há uma semana, a senadora Kátia Abreu (TO) e os deputados Ronaldo Caiado (GO) e Onyx Lorenzoni (RS) protocolaram na Secretaria-Geral do Senado pedido para apurar transferência de "mais de" R$ 40 milhões da União e R$ 20 milhões do exterior para o MST. O requerimento lista seis suspeitas de "irregularidades e desvios" em convênios com entidades ligadas à agremiação.
Ainda segundo a reportagem do Estadão, de acordo com o Manifesto em Defesa da Democracia e do MST, divulgado ontem pelo próprio movimento, "o ataque extrapola a luta pela reforma agrária" e atinge os avanços democráticos do País. "Se a agricultura brasileira é tão moderna e produtiva, como alardeia o agronegócio, por que temem tanto a atualização desses índices?" E vai além, ao propor CPI "para analisar os recursos públicos destinados às organizações da classe patronal rural".
O documento, que ganhou mais de 400 adesões, aponta "ofensiva dos setores mais conservadores da sociedade contra o Movimento dos Sem-Terra, seja no Congresso, seja nos monopólios de comunicação, seja nos lobbies de pressão em todas as esferas de poder". E alerta para tentativa "de criminalizar" as ações dos sem-terra.
"ÓDIO DAS OLIGARQUIAS"
Pelo texto, "o ódio das oligarquias rurais e urbanas não perde de vista um único dia" o MST. "Esse movimento paga diariamente com suor e sangue por sua ousadia de questionar um dos pilares da desigualdade social no Brasil: o monopólio da terra."
Segundo o texto dos simpatizantes do MST, os donos de terra não toleram que movimentos sociais disputem verbas do orçamento para tornar viável a atividade econômica de famílias assentadas."Daí resulta o ódio dos ruralistas e outros setores do grande capital, habituados desde sempre ao acesso exclusivo aos créditos, subsídios e ao perdão periódico de suas dívidas", atacam.
Cinco pessoas respondem pela autoria do manifesto e busca de assinaturas - o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio (PT-SP), o ex-presidente do Incra Osvaldo Russo, o poeta Hamilton Pereira, o escritor Alípio Freire e a socióloga Heloisa Fernandes.
Endossam o documento o crítico literário Antônio Cândido, o jurista Fábio Konder Comparato, o sociólogo Emir Sader, o escritor Fernando Morais, o presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), d. Ladislau Biernaski, o teólogo Leonardo Boff, a presidente da Associação de Juízes pela Democracia, Dora Martins, além de dirigentes do PSTU, PC do B e PSB. A sambista Beth Carvalho e o ator Osmar Prato também o subscrevem.
Procurada para comentar o manifesto e as críticas feitas ao agronegócio, Kátia Abreu não se manifestou.
2 comentários
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Augusto Mumbach Goiânia - GO
Sr. Schurt, acabei de fazer um comentário sobre o seu comentário em outra reportagem do mesmo tema. Ainda não tinha lido esse. Pelo jeito, nosso pensamento é muito parecido. Mas vamos avaliar as pessoas acima: Plínio de Arruda Sampaio (ex político, será que agora está tendo que trabalhar?); Osvaldo Russo (ex-presidente do Incra, órgão que está virando uma empresa de corretagem de assentamentos e a que todos ficamos a mercê, senão a gente não documenta, né?); poetas, escritores, sociólogos, críticos literários (todos entendem bastante de produção de alimentos e geração de empregos...); igreja católica e teólogos (confirmando que as questões do espírito e Deus nunca foram o principal foco deles); a Juíza eu não entendi; PSTU, PC do B e PSB (já era de se esperar); Beth Carvalho e Osmar Prado (de grande conhecimento técnico, logo vão levar isso pra ser discutido no Faustão ou em algum baile Funk ou pagode com bastante cerveja e maconha, já podem chamar o Minc também).
Gerd Hans Schurt Cidade Gaúcha - PR
Depois dessa, só nos resta mandar esses ditos intelectuais se colocarem em nosso lugar para sentirem como é difícil produzir alimentos sem renda. Quem está segurando esse País é o produtor rural. Temos 33% do Pib e somento o agronegócio tem superavit na nossa balança comercial. Produtores Rurais, nós temos condições de mudar esse País, só depende de nós mudar tambem, se continuarmos como estamos, vai continuar como está. Sei qque não vai ser fácil, mas tambem não é impossivel. Primeiramente podemos parar de comprar e em seguida, como somos produtores de alimentos e de matéria prima, vamos parar de vender. Aí sim é que estou disposto a ouvir esses Intelectuais ideológicos cuja maioria vive dos impostos que pagamos sobre o que produzimos. Produtor Rural, vamos parar de comprar e vender. Temos que mudar.