Bovespa recua 2,44% no fechamento, em seu pior tombo desde novembro

Publicado em 20/01/2010 18:01

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) amargou o seu pior "tombo" desde novembro de 2009, em meio às fortes preocupações dos investidores com a economia chinesa, e uma bateria de indicadores e balanços significativos nos EUA. Num dia de nervosismo extremado, a taxa de câmbio bateu seu maior nível desde setembro do ano passado, em R$ 1,79.

O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 2,44% no fechamento, aos 68.200 pontos. Trata-se de sua menor pontuação desde 27 de dezembro. O giro financeiro foi de R$ 7,50 bilhões. Ainda aberta, a Bolsa de Nova York cede 1,28%.

Para profissionais de mercado, uma parcela dos investidores aproveitou a expectativa pelos números da China, e o "dia cheio" nos EUA para realizar lucros (vender ações muito valorizadas).

"A Bolsa de Valores está nesses topos [de ganho] e a realização tende a ser um pouco mais forte mesmo. Hoje, a queda foi um pouco mais acentuada, mas considerando o tamanho da alta recente [83% em 2009], não é tão assustadora assim. Na verdade, o investidor até aproveita dias assim como um gatilho, para vender um pouco e fazer alguma troca de papéis", comenta Guilherme Mendes Franco, gerente da mesa de operações da corretora Corval.

O dólar comercial foi cotado por R$ 1,793 na venda, em um avanço de 1,18%. A taxa de risco-país marca 213 pontos, número 4,92% acima da pontuação anterior.

"Tem muita gente preocupada com os indicadores que vão sair na China, como os números sobre a produtividade da economia. Além disso, o mercado [de câmbio] nesse mês de janeiro ainda está muito tranquilo, e acho que tem muita gente na BM&F [mercado futuro], que ganha com o dólar mais alto, puxando essas taxas", comenta Luiz Carlos Baldan, diretor da corretora de câmbio Fourtrade.

Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Trabalho dos EUA apontou uma inflação de 0,2% em dezembro, pela leitura do PPI (Índice de Preços ao Produtor, na sigla em inglês), indicador que aponta as variações de preço no atacado nesse país. Em novembro, o mesmo índice teve variação de 1,8%. Economistas do setor financeiro esperavam uma variação nula para o fechamento de 2009.

O Departamento do Comércio americano não trouxe notícias melhores: o ritmo de construção de casas teve uma queda surpreendente de 4% em dezembro, frustrando as expectativas de boa parte dos analistas.

No setor corporativo, o Bank of America, uma das instituições mais afetadas pela crise financeira, anunciou hoje que teve um lucro líquido de US$ 6,3 bilhões em 2009, número 57,7% superior ao balanço de 2008. Outro grande banco americano, o Wells Fargo, informou lucro de US$ 2,82 bilhões (US$ 0,08 por ação) no quarto trimestre de 2009 --analistas esperavam um prejuízo de US$ 0,01 por ação para o período.

E ontem à noite, a americana IBM (tecnologia da informação) revelou que teve lucro líquido de US$ 4,8 bilhões, ou US$ 3,58 por ação, no quarto trimestre do ano passado, com um avanço de 9% sobre o mesmo período do ano passado. O resultado foi superior ao previsto por analistas.

China

Ainda no cenário externo, a China continua como um das principais fontes de preocupação dos investidores, à espera de alguns indicadores fundamentais que devem ser publicados na madrugada de quinta, como o PIB (Produto Interno Bruto) e a produção industrial. Hoje, as autoridades bancários desse país instruíram vários bancos locais a amenizaram o ritmo de concessão de empréstimos, de acordo com informações da imprensa chinesa.

O governo desse país tem multiplicado as iniciativas para conter o crescimento, preocupado com a formação de uma 'bolha' no sistema de crédito e pressões inflacionárias.

Brasil

As notícias também não foram muito favoráveis no front doméstico. O Banco Central informou que o país teve um deficit em transações correntes de US$ 24 bilhões em 2009. Em dezembro, o resultado foi deficitário em US$ 5,94 bilhões, muito acima do alguns economistas do setor financeiro esperavam (projeção de US$ 3,5 bilhões).

Ainda segundo o BC, os investidores estrangeiros aplicaram um valor recorde de US$ 46 bilhões no mercado financeiro doméstico no ano passado.

E o Ministério do Trabalho comunicou que o país criou 995 mil vagas no passado (entre contratações e fechamento de postos), o pior saldo desde 2003.

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Fonte:
Folha Online

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