Bovespa fecha em queda de 0,69%; dólar sobe pelo sétimo dia e crava R$ 1,85
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) emendou seu quinto dia de perdas na jornada desta quarta-feira. A queda do índice Ibovespa amenizou nas últimas horas, mas não ao ponto de escapar do campo negativo. Crise na Grécia, expectativa pelo Federal Reserve, nos EUA, e o Copom, no Brasil, e o "efeito China", continuam a tirar o ânimo do investidor para voltar às compras. A taxa de câmbio doméstica subiu pelo sétimo dia e marcou R$ 1,85, seu nível mais alto desde setembro.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, cedeu 0,69% no fechamento, aos 65.069 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,13 bilhões. A Bolsa de Londres perdeu 1,12%, em meio a preocupações com a situação fiscal da Grécia.
Ainda operando, a Bolsa de Nova York reagiu após a decisão do Federal Reserve (banco central) e mostrou recuperação: o índice Dow Jones sobe 0,36%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,859, em um avanço de 1,25%. A taxa de risco-país marca 221 pontos, número 0,91% acima da pontuação anterior.
"Os últimos números [da economia mundial] estão vindo muito negativos, e o mercado fica abalado com China, Grécia, Estados Unidos. Fica difícil você fixar uma taxa de câmbio. É um mercado muito volátil, porque nós estamos numa economia globalizada. Nessas horas, muitos se refugiam no dólar, com medo desses números", comenta Mauro Araújo, da mesa de operações da corretora Vision.
Federal Reserve
O Federal Reserve manteve a taxa básica de juros dos EUA próxima de zero, sem alterar a decisão tomada em dezembro de 2008 (auge da crise mundial). Em seu comunicado pós-reunião (o "statement"), a autoridade monetária registrou a melhora do mercado de trabalho, o aumento dos gastos de empresas e consumidores e que "as condições do mercado financeiro continuam favoráveis ao crescimento econômico".
A autoridade monetária, no entanto, reforçou que vai deixar os juros nesses níveis por um "longo período".
O economista da Modal Asset Management, Ivo Chermont, viu um tom um pouco mais otimista no "statement", na comparação com os comunicados anteriores.
"Logo nos primeiros parágrafos você já pode perceber que o Fed está fazendo uma leitura um pouco mais positiva da economia americana. Ele percebeu que os investimentos em máquinas e software já estão crescendo, que as condições do mercado financeiro estão melhorando, apoiando o crescimento econômico", comenta. "De maneira geral, os termos que ele usou vão no sentido de que o crescimento está um pouco mais sólido", acrescenta.
Chermont não interpretou a falta de unanimidade na decisão do Fed, com apenas um voto dissonante, como um possível sinal de que a autoridade monetária está próxima de mexer nos juros básicos, mantidos perto de zero há mais de um ano.
"O Fed vai ser muito cuidadoso na hora de subir os juros. Ele vai querer ter certeza que a recuperação da economia é sólida, que o mercado financeiro está numa condição sólida. Isso quer dizer um mercado de trabalho mais forte, e um cenário em que o mercado financeiro não apenas está apoiando o crescimento, mas sim, que já está estimulando esse crescimento", avalia.
EUA e Brasil
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA informou que as vendas de novas casas caíram 7,6% em dezembro. Economistas do setor financeiro esperava um aumento de 4,2%.
A fabricante americana de máquinas pesadas Caterpillar informou nesta quarta-feira que um teve lucro líquido de US$ 232 milhões (US$ 0,36/ação) no quarto trimestre do ano passado, ante ganhos de US$ 661 milhões no último trimestre de 2008.
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) apontou inflação de 1,16% (acima das expectativas de 0,85%) no município de São Paulo, pela leitura do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) até o dia 23.
O Banco Central informou que as entradas de dólares superaram as saídas em US$ 10 milhões neste mês, até o dia 22. Até o dia 18, o valor era positivo em US$ 816 milhões, mas houve grande saída de recursos na quarta-feira e quinta-feira da semana passada.
Nas próximas horas, será a vez do Copom (Comitê de Política Monetária) brasileiro anunciar a taxa básica de juros do país, a Selic, referência para o custo dos empréstimos a consumidores e empresas.
Muitos economistas de bancos e corretoras esperam que o Comitê mantenha a chamada taxa Selic em seu nível atual --8,75% ao ano-- mas já enxergam riscos de que esse juro suba a partir de abril ou junho, provavelmente encerrando 2010 acima dos 10% ao ano.
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