Mercosul: delegação brasileira vai à Argentina resolver questões protecionistas

Publicado em 04/02/2010 06:57
Mais de um ano depois de a Argentina ter reforçado a aplicação de medidas protecionistas, que segundo o governo da presidente Cristina Kirchner permitiram a criação de 500 mil empregos no país, uma importante delegação de ministros brasileiros participará netas quinta e sexta-feiras de uma nova rodada de negociações com seu principal sócio no Mercosul, na tentativa de resolver pendências comerciais bilaterais.

Do lado brasileiro, estarão o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, e os ministros Miguel Jorge (Desenvolvimento), Guido Mantega (Fazenda) e Celso Amorim (Relações Exteriores).

Segundo informaram representantes da delegação brasileira, a equipe de Ramalho cobrará providências em relação aos atrasos na liberação de licenças de importação não-automáticas de produtos como pneus, têxteis e vestuário, linha branca (fogões, geladeiras e máquinas de lavar), autopeças, móveis e calçados.

As autoridades argentinas não deixarão por menos. Entre as reclamações a serem apresentadas pelo setor privado do país, estão a demora na liberação de licenças para o ingresso, no mercado brasileiro, de produtos lácteos, farinha de trigo, uva, pêssego, alho e outros itens.

Estão ainda na agenda da reunião o uso de moedas locais no comércio, exportações de serviços, a necessidade de acordos em defesa comercial e harmonização estatística e os respectivos intercâmbios comerciais com a China.

Um encontro paralelo entre empresas do setor automotivo também será discutido. O encontro de alto nível foi programado no fim do ano passado, durante a visita da presidente argentina a São Paulo, onde se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no próximo mês de março tem viagem marcada a Buenos Aires.

Mas nem todas são coincidências entre os dois países. Às vésperas do encontro ministerial, a Casa Rosada publicou uma resolução (265/2010) no Boletim Oficial (o diário oficial argentino), na qual autorizou apenas a companhia Aerolíneas Argentinas a realizar vôos regionais (e não somente internos) no aeroporto metropolitano de Buenos Aires.

A iniciativa, que preocupa outras empresas que operam no país, entre elas as brasileiras Tam e Gol e a chilena Lan, também será discutida nas reuniões, por pressão do governo Lula. A Aerolíneas Argentinas foi reestatizada pelo governo Kirchner e, na visão de suas concorrentes, terá a partir de agora um privilégio interno que poderia afetar as operações e a rentabilidade das demais empresas que atuam no país.

Além de ministros e secretários, também estarão em Buenos Aires funcionários do BNDES interessados em discutir com os argentinos a necessidade de liberar cerca de US$ 2 bilhões destinados a projetos no país que estão bloqueados no banco por falta de licitações e paralisia nas obras.

Os projetos em questão já foram aprovados e envolvem empresas como Odebrecht, Volvo, OAS, Embraer e Andrade Gutiérrez. Na visão de ambos os governos, apesar dos constantes conflitos comerciais, o relacionamento bilateral passa por um bom momento.

No ano passado, o Brasil exportou US$ 12,78 bilhões para a Argentina, valor 27,4% acima do registrado em 2008. Os principais produtos vendidos ao mercado argentino foram automóveis, autopeças, telefones celulares, veículos de carga, motores para veículos e polímeros de etileno, propileno e estireno.

No mesmo período de comparação, as importações brasileiras de produtos argentinos somaram US$ 11,3 bihões, cifra 14,9% abaixo da apurada no ano anterior. O Brasil comprou mais dos argentinos automóveis, veículos de carga, trigo em grãos e autopeças.

Já em janeiro de 2010, as exportações para a Argentina, que atingiram US$ 973,3 milhões, cresceram 51,3% sobre o mesmo mês do ano passado. As importações do país vizinho, de US$ 608 milhões, aumentaram 53,4%. Os sucessivos superávits favoráveis ao Brasil continuam, o que preocupa o principal sócio do Mercosul.

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Fonte:
G1

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