Saúde fiscal da Grécia volta a abalar mercado e bolsas caem
As principais bolsas de valores europeias tiveram forte queda ontem. Dados macroeconômicos e a condição fiscal da Grécia voltaram a preocupar investidores. O índice FTSEurofirst 300, que acompanha as principais empresas da região, caiu 1,69%, para 996 pontos - menor fechamento desde 15 de fevereiro. Foi também a maior queda diária em cerca de três semanas.
Em Londres, o índice Financial Times fechou em baixa de 1,21%, a 5.278 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 1,48%, para 5.532 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 recuou 2,02%, para 3.640 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib encerrou em baixa de 2,36%, a 20.843 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou desvalorização de 1,25%, aos 10.126 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 teve baixa de 1,63%, a 7.445 pontos.
"Creio que os dados macroeconômicos estão saindo de uma tendência positiva que vimos no mês passado e isso pesa no mercado", disse Giuseppe-Guido Amato, estrategista da Lang & Schwarz, em Frankfurt. "A situação na Grécia irá tomar o mercado. Os riscos para o mercado de ações são claramente negativos".
Inspetores da União Europeia avaliaram em visita a Atenas que a recessão maior que o esperado da Grécia e os altos juros tornarão as metas de redução de déficit difíceis de serem cumpridas, disse uma autoridade do ministério das Finanças grego. "As negociações continuam porque eles veem um grande descompasso nas metas", disse a autoridade, que não quis ter seu nome citado.
Ele acrescentou que os inspetores estimam que a porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) da dívida da Grécia seja reduzida somente de 1,5 ponto percentual a 2 pontos percentuais, ante a meta de 4% neste ano.
Uma equipe de inspetores da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) está visitando Atenas nesta semana para verificar o progresso do país em lidar com a crise da dívida antes do prazo de 15 de março. A autoridade disse que quaisquer medidas extras para atingir as metas serão anunciadas após a inspeção e a visita do Comissário de Assuntos Econômicos da UE, Olli Rehn, na semana que vem.
As agências de classificação de risco Moody's e Standard & Poor's também acederam a luz de alerta para o governo grego: as companhias afirmaram que uma mudança na nota de crédito do país dependerá do compromisso com o plano de reforma fiscal. A S&P reafirmou ainda que uma redução em um ou duas notas no próximo mês continua possível.
"Nas revisões para baixo que vimos, a Grécia tem a maior redução e isso não é o fim do mundo, porque ainda é investment grade", disse Moritz Kraemer, diretor de Ratings soberanos da Europa, Oriente Médio e África da S&P.
No dia 16 de dezembro a S&P anunciou a redução da nota da Grécia de "A-" para "BBB+". Além disso, a agência manteve a nota do país em observação negativa - o que permitiria um novo rebaixamento a qualquer momento.
A S&P alegava então que as medidas adotadas pelo governo grego à época não bastavam para eliminar as incertezas sobre novos avanços nas dívida pública do país. "O rebaixamento reflete nossa opinião de que as medidas recentemente anunciadas pelas autoridades da Grécia para reduzir seu alto déficit não serão suficientes, em nosso ponto de vista, para garantir uma redução sustentável na dívida pública", informou a agência em nota.
"Temos que olhar os fatos e olhar se o governo da Grécia está fazendo o que prometeu fazer", disse o diretor de Rating global da Moody's, Pierre Cailleteau.
Emissão de bônus
A Grécia planeja emitir bônus de 10 anos na próxima semana, depois que o governo anunciar um novo pacote de medidas de austeridade no valor entre 2 bilhões de euros e 2,5 bilhões de euros, segundo fontes próximas à situação. O governo planejava fazer a emissão nesta semana, mas o plano foi suspenso por causa da greve geral no país e dos alertas sobre ratings. Uma das fontes afirmou que o melhor momento para a emissão seria depois que o mercado tiver alguma boa notícia da Grécia. Essa boa notícia pode ser um novo pacote de medidas para corte de custos e para novos impostos, que pode ser anunciado na próxima semana.
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