Empresários pressionam Obama sobre sanções de Brasil e México

Publicado em 09/03/2010 18:27

Grupos empresariais dos Estados Unidos criticaram na terça-feira o governo de Barack Obama por não conseguir resolver disputas comerciais que levam México e Brasil e imporem sanções comerciais aos produtos norte-americanos.

No caso do México, a disputa envolve o tráfego de caminhões na fronteira e há quase um ano já resulta em sanções no valor de US$ 2,4 bilhões. Já o Brasil divulgou na segunda-feira uma lista de produtos envolvidos numa retaliação de US$ 591 milhões, autorizada pela OMC (Organização Mundial do Comércio), por causa de subsídios ao algodão e a um programa de apoio a exportações dos EUA.

"Pelo bem dos trabalhadores e agricultores norte-americanos, não podemos permitir que surja um padrão no qual a inação de Washington a respeito do comércio coloque empregos em risco", disse John Murphy, vice-presidente de políticas internacionais da Câmara de Comércio dos EUA.

Os EUA aceitaram abrir seu mercado a caminhões mexicanos como parte do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), mas o sindicato de caminhoneiros dos EUA e muitos apoiadores seus no Congresso lutam contra a implementação da medida.

Há um ano, o Congresso votou pelo cancelamento de um programa-piloto transfronteiriço, iniciado no governo de George W. Bush, que permitia que caminhões mexicanos de longo curso circulassem nos EUA.

A medida enfureceu o México, que retaliou impondo tarifas a produtos norte-americanos como frutas, legumes e bens industriais, no valor de US$ 2,4 bilhões.

Um estudo da Câmara de Comércio dos EUA estima que as tarifas possam causar a perda de 25 mil empregos norte-americanos.

John Keeling, vice-presidente-executivo do Conselho Nacional da Batata, disse a jornalistas que seria "facílimo" para produtores canadenses de batata frita ocuparem o lugar do produto norte-americano no México.

"De abril a dezembro, as exportações dos EUA de batatas congeladas processadas caíram 50 por cento em termos de valor, e ao mesmo tempo as exportações canadenses subiram numa quantidade quase idêntica", disse Keeling.

"Vamos ver nas batatas a perda dos outros 50% da nossa parcela de mercado nos próximos dez meses se nada for feito", disse Keeling.

Na semana passada, o secretário de Transportes dos EUA, Roy LaHood, disse a parlamentares que o governo está "finalizando um plano" para resolver a disputa dos caminhões.

Já na disputa envolvendo o Brasil, o governo Lula divulgou nesta semana uma lista de 102 produtos que devem ser atingidos por sanções a partir de abril, por causa da manutenção dos subsídios ao algodão dos EUA, já condenados pela Organização Mundial do Comércio. É um dos raros casos em que a OMC autoriza sanções contra produtos de outros setores, a chamada retaliação cruzada.

Por essa lista, a tarifa sobre a importação de veículos dos EUA subirá de 35% para 50%; a tarifa do trigo passa de 10% para 30%; o leite em pó, de 28% para 48%. A única tarifa de 100% será a do próprio algodão importado dos EUA.

Produtores canadenses de trigo disseram na terça-feira que esperam ganhos nas suas exportações por causa da disputa, enquanto as Associações do Trigo dos EUA pediram ao governo Obama que negocie uma solução com o Brasil.

O governo brasileiro deve divulgar até dia 23 outra lista com mais US$ 238 milhões anuais em retaliações cruzadas. Essa lista deve conter itens relativos a propriedade intelectual e serviços, segundo autoridades brasileiras.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Confederação de municípios estima prejuízos acima de R$ 4,6 bi no RS
Enchentes afetam abastecimento de combustíveis no RS; refinaria da Petrobras "sem acesso"
BC suspende medidas executivas contra devedores do Rio Grande do Sul por 90 dias
Brasil diz que fechou acordo com Paraguai sobre tarifa de Itaipu
Ações europeias fecham em picos recordes com impulso do setor financeiro