Dólar fecha a R$ 1,75 após leilões do BC; Bovespa cai 0,58%
O Banco Central "lembrou" hoje para o mercado de câmbio doméstico que está "de olho" no preço da moeda americana. Em um intervenção rara, a autoridade monetária convocou dois leilões de compra no expediente desta quinta-feira. Na primeira vez, o leilão foi realizado às 12h42 (hora de Brasília), quando o BC aceitou ofertas por R$ 1,7424 (taxa de corte).
Essa intervenção teve pouco efeito sobre as cotações, que rapidamente cederam para o valor de R$ 1,734 (a cotação mínima do dia), a menor taxa desde o fechamento do dia 5 de janeiro.
O BC voltou à carga às 15h09, comprando moeda por R$ 1,7440, num momento em que o mercado ainda praticava preços na casa de R$ 1,73. As taxas reagiram prontamente, vindo para R$ 1,752 (cotação de fechamento), próximo do valor máximo registrado para hoje (R$ 1,755).
Oficialmente, a autoridade econômica usa os leilões de câmbio somente para elevar as reservas do país. Representantes do BC também declaram repetidamente que o órgão não tem "meta" para as taxas de câmbio.
Na Bolsa de Valores, o índice Ibovespa recua 0,58% às 16h41, aos 70.623 pontos. O giro financeiro é de R$ 7,83 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York sobe 0,10%.
"Na primeira vez [que entrou no mercado], tudo bem, não teve novidades. Agora foi somente na segunda vez que ele entrou, que o mercado reagiu", comenta Marcos Trabold, da mesa de operações da corretora B&T.
O montante dessas operações não é informado para o mercado, mas regularmente o BC divulga o montante total de suas compras no mercado à vista.
Ontem, profissionais de mercado estranharam a aparente "calma" da autoridade monetária quando o dólar oscilou no patamar de R$ 1,74 durante boa parte do dia. Enquanto uma parcela dos profissionais das corretoras ainda via dificuldades em ver uma taxa de câmbio abaixo do "piso psicológico" de R$ 1,75, a ausência do BC na praça levou alguns a especularem que o próximo patamar mínimo seria R$ 1,70.
Um dos motivos que especialistas têm sacado para explicar o barateamento do dólar é a relativa tranquilidade sobre a crise grega, principalmente após os países da comunidade europeia e o FMI terem acertado um mecanismo de auxílio financeiro à nação mediterrânea, na casa dos 45 bilhões de euros.
Hoje, o governo grego solicitou uma reunião com representantes do FMI, e com autoridades europeias, no que foi interpretado como o primeiro passo para acessar os bilhões de euros da linha de empréstimo emergencial.
Juros futuros
No mercado futuro da BM&F, que serve de referência para os juros bancários, as taxas projetadas ficaram mais altas nos contratos de maior volume financeiro.
A inflação medida pelo IGP-10 desacelerou de março (1,10%) para abril (0,63%), mas ainda assim ficou acima das expectativas do mercado financeiro (0,54%). E o Caged mostrou uma geração histórica de empregos no trimestre (657 mil).
No contrato que aponta os juros para outubro de 2010, a taxa prevista foi mantida em 10,18%; no contrato de janeiro de 2011, a taxa projetada avançou de 10,67% para 10,70%. No contrato de janeiro de 2012, a taxa prevista passou de 11,90 para 11,97%. Esses números são preliminares e podem sofrer ajustes.