EUA: Retomada dos subsídios agrícolas não foi negociada com o Brasil

Publicado em 26/04/2010 14:20

Suspensão do programa fazia parte do pacote de compensações para evitar a retaliação; para o Itamaraty, não houve quebra de acordo.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

Durou apenas 10 dias a suspensão dos subsídios do governo americano aos produtores agrícolas. Na última segunda-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que os recursos do programa de crédito à exportação, conhecido como GSM, estavam novamente disponíveis em outras condições. As mudanças não foram negociadas com o Brasil.

A suspensão desses subsídios era uma das principais medidas do pacote acertado com o País para adiar por 60 dias a retaliação contra produtos americanos autorizada pela Organização Mundial de Comércio (OMC). Para conseguir mais prazo para adequar seus subsídios às regras internacionais, os EUA se comprometeram a suspender o GSM, estabelecer um fundo de compensação de US$ 147 milhões por ano para os produtores de algodão, e agilizar a abertura do mercado americano para a carne suína brasileira. O fundo já foi estruturado, mas não foram depositados recursos. A abertura de mercado para as carnes está em fase de consulta pública.

A notícia da retomada do GSM pegou de surpresa os agricultores. O entendimento deles era que o programa seria retomado depois que Brasil e EUA fechassem acordo sobre alta dos juros e redução dos prazos para os empréstimos. O GSM não vale só para o algodão, mas para várias commodities.

O Itamaraty informou que as negociações sobre as regras do GSM ainda vão ocorrer. "Não houve quebra de acordo entre os dois países", disse o principal negociador do Brasil e embaixador em Genebra, Roberto Azevedo. "A parte mais difícil das negociações começa agora."

DECISÃO UNILATERAL

O embaixador admitiu que as modificações nos subsídios foram feitas unilateralmente pelos EUA e que o Brasil não avaliou o impacto das medidas. Segundo ele, a retomada do programa estava prevista e "houve muito mal-entendido" sobre o teor do acordo. Na terça-feira, Brasil e EUA assinaram um memorando de entendimento.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Lima, foi informado pelo Estado sobre a retomada do programa GSM. "Não estávamos sabendo disso. A informação que tenho é que esses subsídios só seriam retomados após uma negociação com o Brasil. Não é possível que o Brasil vá aceitar isso", disse.

Lima telefonou novamente para a reportagem após falar com funcionários do governo. Ele disse que estava "mais tranquilo", porque o governo garantiu que não havia quebra de acordo. Afirmou ainda que agora "cabe mais cautela" na hora de acompanhar os próximos passos.

Por causa do acordo com o Brasil, os EUA tinham suspendido os US$ 860 milhões do GSM que já estavam empenhados com os agricultores, mas não tinham sido pagos. A verba total para este o ano é de US$ 5,5 bilhões e os EUA ainda têm disponíveis US$ 2,7 bilhões. Os recursos somavam US$ 3,1 bilhões em 2009 e US$ 1,4 bilhão em 2008.

Segundo os EUA, as mudanças vão deixar o GSM "mais sensível aos riscos do mercado", porque subiram os juros para países de alto risco e caíram para nações de baixo risco. As regras anteriores estabeleciam taxas entre 0,29% a 0,806% ao ano. A variação agora é de 0,025% a quase 1,4%. Uma avaliação inicial é que as mudanças podem desestimular a exportação agrícola dos EUA para países de alto risco, mas favorecer para nações de baixo risco. O USDA já havia proposto uma reforma mais agressiva do que a implementada.

 

 

 

Fonte: Brasil Agro

NOTÍCIAS RELACIONADAS

STF suspende prazos processuais em todas as ações ligadas ao RS
Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA