Copom eleva juro após 19 meses; taxa vai a 9,5% ao ano

Publicado em 29/04/2010 00:45


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, de forma unânime, nesta quarta-feira elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 9,5% ao ano. Foi a primeira alta desde setembro de 2008, quando o comitê decidiu por aumentar a Selic de 13% para 13,75% ao ano.

Em nota, o colegiado do BC informou que a decisão dá "seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas".

A primeira elevação da Selic desde setembro de 2008 veio após a inflação medida pelo IPCA ter acumulado alta de 2,06% no primeiro trimestre, impactada por pressões sazonais e por aumentos dos preços de alimentos. A meta do governo é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 4,5% em 2010.

A Selic iniciou 2009 em 13,75%, sendo reduzida para 12,75% já na primeira reunião do Copom no ano, em janeiro. Em março, caiu para 11,25% ao ano, com nova redução em abril para 10,25%.

Em junho do ano passado houve um novo corte de 1 ponto percentual para 9,25% ao ano e em julho o comitê reduziu o ritmo, com uma queda de 0,5 ponto percentual para 8,75% ao ano, percentual que foi mantido até esta quarta.

A taxa básica de juros remunera os títulos públicos depositados do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de parâmetro para o custo do dinheiro nas operações de empréstimo entre bancos. Por consequência, também influencia a taxa cobrada dos consumidores que pegam dinheiro emprestado de instituições financeiras.

Quanto menor a Selic, mais interessante para os bancos é emprestar ao consumidor e esperar o recebimento de juros maiores, do que comprar títulos do governo, que são garantidos, mas pagam menos.

Início do aperto
Com a elevação da Selic nesta quarta-feira, o BC deu início a um ciclo de aperto monetário que deve levar a Selic a até pelo menos 10,25% no final do ano, segundo entendimento de analistas do mercado.

"(A decisão) sinaliza que estão enxergando um ciclo não muito pequeno", afirmou o economista-chefe da Ativa Corretora, Arthur Carvalho Filho. "Ninguém começa com 0,75 ponto se acha que vai chegar a 2 pontos. O ciclo total deve ficar próximo de 3,50 pontos."

Já a estrategista da RBS Securities, Flavia Cattan-Naslausky, avaliou que o aperto pode ser mais curto que o esperado previamente porque, com a decisão desta quarta-feira, o BC estaria alinhado com a curva (on top of the curve).

Nas últimas semanas, o presidente do BC, Henrique Meirelles, havia frisado que o foco principal do Copom é a inflação nos 12 meses à frente e afirmado que a autoridade monetária não tem sido surpreendida pelo crescimento da economia. Seus comentários inicialmente reforçaram apostas em aumento de 0,5 ponto da Selic.

No fim de semana, contudo, Meirelles adotou um discurso mais duro e, em entrevistas em Washington às vésperas do Copom, reforçou que o BC agiria para levar a inflação de volta à meta e evitar o superaquecimento.

Analistas destacaram também que a elevação do juro deve atrair mais investidores externos ao país, o que contribuirá para uma valorização adicional do real. "O BC pode ter que agir mais fortemente (sobre o câmbio)", afirmou João Medeiros, diretor de câmbio da Corretora Pioneer.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a decisão do Copom, afirmando que "superestima a inflação e compromete a produção". O Copom voltará a se reunir em 8 e 9 de junho.

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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