Bovespa fecha com recuo de 0,61%; ações da Petrobras perdem quase 4%
Os investidores empurraram a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) para o terreno negativo, à força de vender algumas das ações mais negociadas desse mercado, os papéis da Vale e da Petrobras. Nos EUA, as Bolsas americanas valorizaram, após a divulgação de número favoráveis da economia local. A definição da ajuda europeia à Grécia pouco entusiasmou os mercados, devido ao temor de que outras economias fragilizadas da região também demandem algum tipo de resgate financeiro.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, cedeu 0,61% no fechamento, aos 67.119 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,53 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York subiu 1,30% na conclusão dos negócios.
Corretores viram um movimento de vendas fortes por parte dos investidores estrangeiros, que miraram justamente nas chamadas "blue chips" do mercado brasileiro: Vale e Petrobras. A ação preferencial da mineradora recuou 2,53% no dia, com volume de R$ 1,089 bilhão.
Juntas, as ações da Petrobras movimentaram outro R$ 1 bilhão em negócios, sendo R$ 918 milhões somente com as preferenciais, que desvalorizaram 3,96% no dia, enquanto as ordinárias recuaram outros 4,19%.
O mercado ainda se ressente das incertezas sobre o processo de capitalização da estatal, sem saber como e quando a empresa deve lançar ações no mercado ou quanto deve ser pelo mecanismo da cessão onerosa (dinheiro público). Enquanto isso, o projeto do lei que regulamenta a operação segue emperrado no Legislativo.
"As declarações do Gabrielli [presidente da estatal] dizendo que, independente da aprovação do Congresso, vai fazer a capitalização da empresa, deixa o mercado em dúvida. A verdade é que ninguém está entendendo mais nada, e isso prejudica a própria Petrobras e mesmo o seu principal acionista", sintetiza Ivanor Torres, diretor de departamento de análise da corretora Geral.
Para acalmar o mercado, a estatal divulgou comunicado onde afirma que "não foram concluídos os processos que levarão a definição dos valores da Capitalização, da Cessão Onerosa ou do Plano de Negócios", e que nas entrevistas concedidas por executivos sobre o assunto "os eventuais números utilizados pela companhia tiveram o objetivo de facilitar o entendimento do público e constituem meras hipóteses".
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,732, em um declínio de 0,34%. A taxa de risco-país marca 190 pontos, número 0,52% acima da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o governo americano revelou que o consumidor local viu sua renda aumentar em 0,3% no mês de março, enquanto o nível de despesas cresceu 0,6%, em linha com as expectativas do setor financeiro. E o nível de gastos na construção civil teve sua primeira expansão em cinco meses em março, bem acima das projeções do mercado.
Ainda nos EUA, uma pesquisa privada (ISM) mostrou que o setor manufatureiro local teve sua maior taxa de expansão em quase seis anos no mês de abril, também surpreendendo os analistas.
Na Europa, o índice PMI do setor manufatureiro, que busca refletir o nível de atividade de um segmento, mostrou avanço de 56,6 para 57,6 pontos entre março e abril.
Os mercados mostraram pouco ânimo com o acordo da União Europeia e do FMI para resgatar a Grécia, com a liberação de 110 bilhões de euros para esse país em troca de um austero plano de cortes dos gastos públicos. Analistas já se preocupam com Portugal e Espanha, e a possível necessidade de que esses país também precisem de resgates financeiros, à semelhança da nação grega.
Na Ásia, o governo chinês voltou a determinar um aumento no nível dos depósitos compulsórios, isto é, do volume dinheiro que os bancos devem manter em reserva, sem aplicar em crédito, em mais uma medida restritiva. Pequim está preocupado com a formação de 'bolhas' de ativos numa economia que cresce a quase dois dígitos anualmente.
E no front doméstico, o boletim Focus, preparado pelo Banco Central, apontou que os economistas do setor financeiro ajustaram suas projeções para a inflação: o IPCA projetado para 2010 passou de 5,41% para 5,42%. Trata-se da 15º semana consecutiva em que a mediana dessas projeções aumenta.
O Ministério do Desenvolvimento informou um superavit de US$ 1,283 bilhão em abril, um resultado 65% inferior ao saldo positivo contabilizado no mesmo período em 2009.
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