Bovespa fecha em queda de 3,35% e anula ganhos de quase três meses

Publicado em 04/05/2010 18:00

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) seguiu de perto a onda de nervosismo global dos demais mercados nesta terça-feira. A onda de aversão ao risco que tomou os investidores, diante das dificuldades da Europa para lidar com os problemas de suas economias mais fragilizadas, já leva alguns analistas a verem um possível "ponto de virada" para as Bolsas de Valores.

Hoje, os mercados foram tomados por fortes rumores de que as demais agências (nota de risco de crédito) rebaixariam o "rating" da dívida soberana, a exemplo do que a Standard&Poor's fez no final de abril. As especulações tiveram tal vulto que Moody's e Fitch comunicaram oficialmente que não estavam reexaminando a "nota" espanhola, mantida em "AAA", o nível mais alto (melhor pagador).

O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, cedeu 3,35% no fechamento, aos 64.869 pontos, o patamar mais baixo desde 9 de fevereiro. O giro financeiro foi de R$ 10,08 bilhões, bem acima da média (R$ 6,9 bilhões/dia em abril).

Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, recuou 2,20%. Na Europa, o índice britânico FTSE caiu 2,56%, enquanto o índice alemão Dax retrocedeu 2,59%. A pior queda entre os maiores mercados foi visto em Madri, onde o índice Ibex desabou 5,40%.

Algumas das ações brasileiras mais negociadas tiveram perdas de quase 6%, a exemplo do papel da OGX, que desvalorizou 5,45%. A ação preferencial da Vale, com volume de R$ 1,90 bilhão, teve retração de 4,85%; a ação ordinária do Banco do Brasil desabou 4,91%, e mesmo o Itaú-Unibanco, que divulgou um lucro histórico hoje, viu suas ações perderem 2,64%.

O dólar comercial foi vendido por R$ 1,761, em um avanço de 1,67%. A taxa de risco-país marca 205 pontos, número 7,05% acima da pontuação anterior.

O pacote de ajuda financeira da União Europeia e do FMI à Grécia, em vez de disseminar expectativas positivas, levantou dúvidas entre os agentes financeiros se outros países, como Portugal e Espanha, não serão os próximos 'alvos'.

"O problema da Europa é que todos esses países têm dívidas uns com os outros. Se um tiver problema, o outro vai ter também. A Itália deve muito para a França; a Espanha tem muita dívida de Portugal", comenta Carlos Levorin, sócio e gestor da Grau Gestão de Ativos.

Em relação ao mercado doméstico, Levorin está particularmente preocupado com a questão do fluxo. O que sustentou a recuperação da Bovespa nos últimos meses foi principalmente o fluxo de capital estrangeiro, atrás dos ganho potencial dos ativos brasileiros. Se o cenário atual de estresse confirmar-se, isso pode mudar.

"Hoje nós vimos grandes resgates [vendas] por estrangeiros. E pode ter mais, porque o mercado começa a ter uma aversão maior ao risco, e isso vai se refletir nos mercados emergentes", comenta.

Entre as outras notícias importantes do dia, o IBGE apontou que a produção industrial brasileira aumentou 2,8% em março, quase zerando as perdas do setor com a crise mundial.

No front corporativo, o grupo Itaú-Unibanco revelou lucro de R$ 3,2 bilhões para o exercício do primeiro trimestre, em um crescimento de 60,5% sobre o resultado de um ano atrás.

Nos EUA, a entidade privada NAR (associação dos corretores) indicou o aumento de 5,3% das vendas "pendentes" de imóveis, acima das expectativas; e o Departamento de Comércio registrou uma expansão das encomendas às indústrias em 1,3%, também melhor do que o previsto.

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Fonte:
Folha Online

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