Em quarto dia de perdas, Bovespa cai 3,22% no fechamento
O mercado brasileiro de ações retrocedeu para os níveis de preços praticados em fins de outubro de 2009, na rodada de negócios desta terça-feira. Em meio a temores sobre a economia europeia, e com muita aversão ao risco, a ponta de venda ganhou mais força perto do encerramento das operações de hoje, o quarto dia consecutivo de desvalorização das ações brasileiras.
Em pouco mais de um mês, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) perdeu quase 10 mil pontos, pelo índice acionário Ibovespa.
O Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 3,22% no fechamento, aos 60.841 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,82 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve perda de 1,08% no encerramento das operações.
A corretora Planner divulgou hoje relatório em que aponta como "provável" o nível de 60 mil pontos como próximo piso do índice. "O Brasil conta com mais um agravante nessa questão (...): sua espetacular performance em 2009, quando o Ibovespa subiu 82,66%, o que permite o investidor, principalmente o estrangeiro, reduzir exposição e ainda apurar lucro", avalia a equipe de analistas.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,822, em um acréscimo de 0,55%. A taxa de risco-país marca 222 pontos, número 7,77% acima da pontuação anterior.
'Foi positivo para a Grécia receber a parcela dos 14 bilhões [de euros], mas todo mundo sabe que não resolve [os problemas]. Além disso, já tem gente dizendo que falta um plano específico para Portugal e Espanha, e que Portugal seria a próxima 'bola da vez'', comenta Ideaki Iha, da mesa de operações da corretora de câmbio Fair. O profissional também cita algum desconforto dos agentes financeiros com a iniciativa alemã para taxar os mercados mundiais.
Entre as principais notícias do dia, a UE (União Europeia) repassou à Grécia 14,5 bilhões de euros, no âmbito do pacote de 110 bilhões de euros acordado com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O país mediterrâneo tem bilhões de euros em dívidas a vencer neste mês.
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, reconheceu que a crise financeira mundial é mais grave e complexa do que inicialmente previsto, apontando que a recuperação ocorre de forma débil e desigual entre as economias.
Nos EUA, dois indicadores importantes já foram divulgados: o PPI (índice de preços ao produtor, na sigla em inglês), que apontou deflação de 0,1% no mês de abril, ante expectativas de 0,2% a 0,7% para o período; e o número de construções iniciais de casas, que teve um aumento inesperado de 5,8% no mês passado. O montante de licenças iniciais de construção, no entanto, mostrou uma forte queda, desapontando alguns investidores.
No front doméstico, a Receita revelou que o país teve uma arrecadação de R$ 70,9 bilhões em impostos e contribuições no mês de abril, bem acima das projeções do mercado (em torno de R$ 67 bilhões).
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