Brasil vai sofrer impactos da crise europeia, diz BNDES

Publicado em 28/05/2010 13:45

O Brasil não passará ileso à crise europeia --que vai durar, pelo menos, dois anos-- e sentirá o impacto especialmente nas exportações para o velho continente, responsável por quase um terço do comércio exterior do país, afirmou nesta sexta-feira o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. <?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

Para ele, a "crise na Europa é preocupante" e "já tem um efeito global". Na economia brasileira, avalia, o impacto será reduzido, já que o país convive atualmente com outro problema: o crescimento excessivo e o risco consequente de disparada da inflação.

"O problema da economia brasileira não é o de crescer. É o de crescer demais", disse Coutinho, que participou hoje do Terceiro Fórum Brasil-União Europeia, no Rio.

O presidente do BNDES disse que a preocupação atual do governo é a de "moderar o crescimento" --por meio da alta de juros já em curso.

Sob esse prisma, diz, a crise europeia servirá para conter o crescimento da economia brasileira. E talvez possa impedir um aperto maior da política monetária.

Isso porque, prevê, a exportações brasileiras para a Europa tendem a refluir. Tal cenário, porém, não é grave, já que a Ásia (especialmente da China) pode absorver o excedente de produtos destinados antes ao continente europeu, segundo o presidente do banco estatal.

Para Coutinho, a crise será longa e durará, pelo menos, mais dois anos. Somente após esse período, diz, a Europa começará a reagir. "A Europa vai passar um período muito dificíl."

Europa

A União Europeia, com apoio dos ministros de Finanças do grupo, pediu por novas e mais rígidas sanções contra países que quebram as regras orçamentárias, em uma tentativa de dar fôlego ao euro e aumentar a segurança contra uma crise de dívida.

Vários países anunciaram medidas de austeridade fiscal para conter a crise e reduzir os deficits.
Nesta sexta-feira, o governo espanhol revisou para baixo suas previsões de crescimento ao calcular um avanço da atividade de 2,5% em 2012, contra 2,9% da estimativa anterior, e um aumento de PIB de 2,7% em 2013, quatro décimos a menos que a última previsão.

Mais cedo, o mesmo país europeu aprovou um limite de despesas para o próximo ano de 122,256 bilhões de euros (cerca de US$ 151 bilhões), o que representa um corte de 7,7% no orçamento inicial de 2010, como parte das medidas adotadas contra a crise econômica que afeta o país.

Na Grécia, um dos países mais afetados pela crise, o governo negou que pretenda faltar com o pagamento das dívidas e disse que pretende restabelecer a confiança do mercado, contando com o investimento estrangeiro.

Na Alemanha, o governo cogita aumentar certos impostos em busca de consolidação fiscal, disse um jornal alemão. O deficit da Alemanha, maior economia da Europa, deve crescer para mais de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, em parte devido à reduções de impostos que o governo Merkel introduziu no início de 2010.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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