Mais crédito e mais juros subsidiados na nova safra

Publicado em 07/06/2010 08:07 e atualizado em 07/06/2010 11:04
Política agrícola: Plano para ciclo 2010/11 terá R$ 100 bi e "ação verde".
Mais subsídios do Tesouro Nacional, juros "negativos", reforço ao médio produtor e um conjunto de ações "verdes" serão os principais atrativos do último plano do governo Luiz Inácio Lula da Silva para estimular agricultores e pecuaristas ao longo da próxima safra (2010/11), a ser iniciada em 1º de julho.

O presidente Lula anuncia hoje, na sede da Embrapa, a destinação de mais de R$ 100 bilhões em crédito rural ao segmento empresarial. Às vésperas de uma nova rodada de elevação nos juros básicos da economia, Lula dará ênfase à manutenção das taxas nas operações de custeio agropecuário em 6,75% ao ano.

O governo também anunciará um substancial aumento de R$ 6,5 bilhões (ou 12%) nos recursos com juros subsidiados pelo Tesouro. Serão destinados R$ 60,7 bilhões a juros "negativos", ou seja, abaixo da Selic de 9,5%. "O mais importante é que, mesmo havendo aumento de juros, a agricultura será poupada", afirmou o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, ao Valor.

O plano incluirá ainda a elevação dos principais limites de crédito individual, a ampliação da cobertura do seguro rural e a manutenção dos atuais preços mínimos de garantia - ao menos por enquanto, já que o Ministério da Fazenda insiste em reduzir os valores de referência para milho, trigo e feijão.

O novo Plano de Safra do governo incluirá a criação de uma nova linha de crédito exclusiva para médios produtores, cuja renda anual seja inferior a R$ 500 mil. O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) substituirá o Proger Rural e terá orçamento de R$ 5,65 bilhões. "Nosso olhar está voltado para eles. O grande tem boa relação com bancos e tradings e os pequenos já têm o Pronaf. Os médios, até agora, não tinham isso", disse o ministro. O Pronamp terá, ainda, mais limites, mais prazo para pagar e carência.

O novo Plano de Safra também terá uma forte ênfase em ações sustentáveis. Batizado como "Agricultura de Baixo Carbono", o programa terá R$ 3,15 bilhões com juros entre 5,5% e 5,75% ao ano e prazos de 12 anos a 15 anos para pagar, além de carências estendidas. "Há um ambiente atritado entre ambientalistas e produtores com a demonização da agricultura. Por isso, plantaremos ideias para vicejar em futuros governos", disse o ministro Wagner Rossi.

Ele informou que a meta do "ABC" é recuperar, ao longo da próxima década, 15 milhões de hectares de terras degradadas; estimular a ampliação da área de florestas plantadas de 6 milhões para 9 milhões de hectares; adotar o sistema de integração lavoura-pecuária-florestas (ILPF) em 4 milhões de hectares; incentivar o plantio direto na palha em 33 milhões de hectares e a fixação biológica de nitrogênio (substituindo o uso de fertilizantes) na produção de mais 5,5 milhões de hectares.

A meta para a década é reduzir a emissão de 165,7 milhões de toneladas equivalentes de CO dn2anuais em gases do efeito estufa. "Essa será a contribuição concreta da agricultura para ajudar o Brasil a atingir a meta assumida em Copenhague pelo presidente Lula", afirmou Rossi. A meta brasileira de redução das emissões de gases ficou entre 36,1% e 38,9%.

O Plano de Safra 2010/11 também inclui a garantia de R$ 2,4 bilhões para a estocagem de etanol ("warrantagem") com juro de 9% ao ano. O ministro avalia que a linha anterior, lançado no plano 2009/10, tinha juros muito altos, prazos curtos e demandava garantias exageradas das usinas beneficiárias. "Agora, com esse novo desenho, poderemos buscar a estabilidade de preços e reduzir a volatilidade sazonal no setor", disse Rossi, em referência à instabilidade de preços do etanol ao consumidor final. "Isso é péssimo porque nos leva a perder a fidelidade do consumidor ao etanol".

Os benefícios do governo ao setor rural também buscam estimular a construção de armazéns próprios nas fazendas por meio do aumento dos limites de crédito. Em contratos individuais, será possível obter até R$ 1,3 milhão. Nos casos coletivos, até R$ 4 milhões ficarão disponíveis. Os prazos será até seis anos e terão carência. "Queremos estimular os pequenos produtores. Com R$ 300 mil, por exemplo, dá para armazenar a produção de 100 hectares", afirmou Rossi.

Segundo ele, os grandes produtores e cooperativas têm consciência da urgência de construir armazéns para vender a produção na época da entressafra, quando a demanda aumenta e os preços sobem. De olho nas demandas dos produtores do Nordeste, o governo também vai amparar o plantio de frutas tropicais por meio de uma nova linha de crédito para a fruticultura. "Temos que levar a agregação de renda para todas as regiões, sobretudo no Nordeste", disse o ministro Wagner Rossi.

Fonte: Valor Econômico

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Brasil diz que fechou acordo com Paraguai sobre tarifa de Itaipu
Ações europeias fecham em picos recordes com impulso do setor financeiro
Ibovespa avança em dia cheio de balanços e com RS no radar
Wall St amplia ganhos com esperanças de cortes de juros
Wall Street tem leve alta devido a otimismo com cortes de juros