Focus atesta alta de juros futuros
O Banco Central divulgou hoje a pesquisa Focus trazendo uma boa notícia, com a diminuição das expectativas para a inflação no país deste ano. Mas o levantamento não deve influenciar ajustes significativos para a previsão sacramentada de que o Comitê de Política Monetária (Copom) promoverá mais um ajuste de 0,75 ponto porcentual da Selic no encerramento de seu encontro de dois dias na quarta-feira. E também serve pouco como referencial para as decisões futuras de política monetária, já que o vetor externo tende a ser o roteador de maior peso no mercado de contratos de depósitos interfinanceiros (DI). Nesta manhã, a aversão ao risco ainda se mantém no exterior. Mas analistas notam a recuperação do florim húngaro como uma evidência de que os comentários do novo governo do país seriam apenas uma estratégia para conquistar apoio ao pacote de austeridade que deve ser anunciado nesta semana.
Mas a Focus atesta uma melhora importante para os gestores da política monetária interna, com a projeção para o comportamento do IPCA em 2010 começando a cair. Os agentes do setor financeiro que inserem suas estimativas na pesquisa semanal revisaram sua projeção para o índice oficial de inflação neste ano de 5,67% para 5,64%, depois de promoverem um rompimento de uma longa sequência de alta ao projetarem estabilidade na semana passada. Para 2011, o mercado segue apostando em alta de 4,80% para o IPCA.
"A pesquisa Focus é uma boa notícia, mas o que deve balizar o futuro é o exterior", comentou o economista de uma das mais atuantes corretoras de contratos futuros de juros na BM&FBovespa. "A única busca em relação ao Copom é em torno do sinal de movimentos futuros, o que pode ser mensurado por conta do tom de apreensão sobre os efeitos da situação externa no mercado doméstico", ressaltou. Mesmo assim, essa fonte não vê ainda espaço para mudanças na redação do comunicado do Copom. "Está cedo para mensurar o impacto da crise na Europa sobre os vetores internos e as autoridades devem manter a mesma postura do comunicado e ata", destacou.
Segundo levantamento da Agência Estado, de 63 instituições ouvidas, 59 casas trabalham com uma expectativa de elevação de 0,75 ponto porcentual para a Selic no dia 9, o que faria os juros saltarem de um nível de 9,50% para a marca de 10,25% ao ano. A sondagem também detectou que há uma minoria entre os analistas que discorda do pensamento dominante, com previsões de aumento de 0,50 ponto porcentual na Selic (uma casa) e de um ajuste mais forte, de 1 ponto porcentual (três casas).
Antes da decisão de quarta-feira, o Copom terá além do IPCA de maio (quarta-feira pela manhã), o dado sobre o Produto Interno Bruto do primeiro trimestre, com divulgação amanhã. No exterior, a China apresenta uma enxurrada de dados importantes - produção industrial, balança comercial, vendas do varejo e os índices de preços ao produtor e ao consumidor. Mas os dados estão agendados para quinta-feira, após o encontro do Copom.
No exterior, cresce a percepção de que as declarações de autoridades seniores do novo partido governante, o Fidesz, de que a Hungria enfrenta uma crise de dívida semelhante ao da Grécia só teriam o intuito de conquistar apoio interno ao plano de ação econômica, que deve ser anunciado até amanhã. "Eles estão fazendo barulho interno para conseguir apoio para o plano de austeridade", disse uma fonte do mercado doméstico. E com base nisso, o florim húngaro se recuperava nesta manhã, que exibe um quadro com perdas marginais nas bolsas europeias.
Às 9h40, o DI com vencimento em janeiro de 2011 projetava taxa de 10,95%, ante taxa de 10,94% no fechamento de sexta-feira. Já o DI com vencimento em janeiro de 2012 projetava taxa de 11,84%, ante taxa de 11,81% no fechamento de sexta.