Plano Agrícola e Pecuário 2010/11: em quais propósitos acreditar?
O primeiro deles e mais substancial é a chamada “Capacidade de Pagamento” ou seja como ela é impossível de ser comprovada diante da inexistência de renda positiva, o que o agente financeiro faz? Curiosamente reduz o valor financiado. Exemplificando, um proponente qualquer apresenta um projeto orçado em R$ 2.000,00 para cultivar um (1,0) hectare de milho mas o faturamento da colheita máxima prevista sequer atinge o valor do orçamento que engloba o gasto verdadeiro. Então digamos que o Banco decide reduzir o limite financiavel para apenas 70,0 % daquele orçamento de R$ 2.000,00 ou seja R$ 1.400,00 fazendo com que esteja tudo dentro dos melhores preceitos da boa aplicação do crédito. Como o Banco fica com o PENHOR da safra, qualquer faturamento acima de R$ 1.400,00 será suficiente para cobrir o financiamento + os juros.
Desde a semana passada muitos agricultores do Paraná que haviam depositado feijão em armazéns credenciados pela CONAB com a finalidade de fazer AGF (Aquisição do Governo Federal) foram avisados por mentores oficiais – “aconselhados” a retirarem o seu produto e vendê-lo ao mercado uma vez que o Governo não dispõem de dinheiro embora conste no Orçamento.
Ainda sob este aspecto, diante da abundância de milho que temos no país, aviltando os preços médios para R$ 7,00 no MT, R$ 12,00 no MS, GO e noroeste de MG e 14,00 na Bahia por sc de 60 kg quando os preços mínimos são respectivamente de R$ 13,98; 17,46 e 19,04 – onde a solução seria o enxugamento do mercado via AGF, o Governo um dia altera a regra, anunciando pomposamente que aumentou o AGF de 3.300 sc por produtor para 10.000 sc por produtor no MT e no GO e dias depois diz que não tem verba e mais alguns dias depois anuncia um pomposo Plano para a safra seguinte...
Em qual dos propósitos dá para acreditar?
Como se vê, fazendo-se uma leitura do panorama o governo sabe muito bem “posar” de grande benemérito mas para isto conta com um grande abobalhamento midiático, anunciando enormes resultados – que de fato existem – mas que deixam um funesto rastro de dívidas, geradas pela falta de renda dos produtores.
Única novidade digna de citação é o estimulo ao investimento em armazenagem a nível de Fazenda – que na prática poderá fracassar se não houver facilidade para obtenção de Licença Ambiental para a finalidade.