Países emergentes embalam avanço agrícola

Publicado em 14/06/2010 07:18 e atualizado em 01/03/2020 21:55
Os países em desenvolvimento vão ser a grande força do crescimento da produção, do consumo e do comércio agrícola nos próximos dez anos, segundo o relatório de perspectivas agrícolas da Agência para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A demanda desse grupo é impulsionada por aumento da renda per capita e pela urbanização, reforçada pelo crescimento populacional que é duas vezes maior do que nos países desenvolvidos.

A tendência é de um aumento no consumo de produtos como carnes e alimentos processados, o que deve favorecer os produtores de bovinos e frangos. Com uma classe média em expansão, o consumo de alimentos nos países em desenvolvimento deve depender menos de mudanças no preço e na renda.

Nesse cenário, segundo a FAO e a OCDE, os preços médios das commodities projetados para os próximos 10 anos devem ficar acima dos níveis anteriores ao pico de alta de 2007-2008. As cotações de trigo e grãos podem subir entre 15% e 40%. O preço mundial do açúcar para 2019 deve ficar acima da média da última década, mas bem abaixo do recorde de 29 anos, atingido no fim do ano passado.

Os preços das carnes em termos reais devem superar a média de 1997-2006 em decorrência da menor disponibilidade, maior custo de ração para os animais e maior demanda. As cotações para a carne suína devem ser afetadas pelo aumento da oferta no Brasil e China, diz o relatório.

A recuperação econômica vai ampliar o consumo de carnes, sobretudo nos países em desenvolvimento. As mais beneficiadas serão proteínas mais baratas como carne de frango e carne suína. Para os lácteos, as instituições estimam alta de preços, em termos reais, entre 16% e 45% - a maior valorização será na manteiga.

Em praticamente todas as commodities, as importações e as exportações dos países em desenvolvimento deverão superar as dos ricos. Apenas a exportação de farelo de proteína crescerá mais rápido nos países da OCDE até 2019.

Por outro lado, o relatório mostra que os países desenvolvidos continuarão a dominar as exportações de trigo (52% do total mundial), grãos forrageiros (59%), carne suína (80%), queijo (63%) e leite em pó (66%).

Contudo, países em desenvolvimento continuarão como líderes na exportação de arroz (88% do mercado mundial), oleagionosas (56%), farelo de proteínas (80%), óleos vegetais (91%), carne bovina (57%) e frango (63%).

Ainda no que diz respeita à produção, a FAO e a OCDE estimam que a maior parte da expansão da oferta mundial de oleaginosas, como soja, estará concentrada no Brasil, Estados Unidos e Argentina. Os EUA devem continuar a ser o maior produtor global. Mas quase 70% do aumento das exportações virá do Brasil, elevando de 26% para 35% sua fatia no comércio mundial até 2019. Nesse ritmo, o país poderá se tornar o maior exportador mundial de oleaginosas em 2018, superando os EUA.

No caso do etanol, quase 40% do aumento da produção deve vir de maior oferta a partir da cana-de-açúcar, sobretudo do Brasil, para atender o mercado doméstico e a demanda dos EUA.

Segundo o relatório, o comércio de etanol deve triplicar e representar 9% da produção global. O Brasil será o maior fornecedor internacional. Já a Argentina deve ser o maior em biodiesel.

Outro segmento em que o Brasil pode aumentar sua presença é nas exportações de lácteos, diz o documento. A produção de leite deve crescer 2,3% ao ano, em razão do incremento da produtividade e investimentos.

O país também deve seguir como o segundo maior exportador mundial de farelo. A projeção é que as vendas externas brasileiras aumentem quase 20%, mesmo com o maior consumo doméstico.

O relatório mostra também que os níveis de subvenção agrícola nos países emergentes monitorados pela OCDE tendem a aumentar, mas continuam muito abaixo dos bilionários subsídios da maioria dos países desenvolvidos. No Chile, por exemplo, é de 4%, e na Rússia, de 14%.

Já nos países ricos, a ajuda vinculada ao tamanho da produção alcançou US$ 250 bilhões em 2008, derrubando preços internacionais e gerando concorrência desleal. Os campeões de subsídios são os EUA e a União Europeia, com 30% e 40% do total respectivamente, o que resulta em acúmulo de oferta e derrubada dos preços mundiais. No Japão e na Coreia do Sul, 90% da subvenção são também vinculados à produção.

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Fonte:
Valor Econômico

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