Serra abre fogo contra política econômica

Publicado em 10/08/2010 08:15
Eleições: Tucano abandona crítica ideologizada ao PT em evento de associações comerciais de todo o país.
A uma plateia de empresários de associações comerciais de todo o país, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, abandonou a crítica mais "ideologizada" ao PT e abriu fogo contra a política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva. "Tem que ter coordenação melhor, mais exímia, da política econômica", afirmou o candidato em sabatina promovida pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil. Segundo o presidenciável tucano, é necessário mais integração entre os ministério da Fazenda e do Planejamento.

O candidato citou que a taxa de juro real é a maior do mundo, a taxa de investimento é uma das mais baixas da América Latina, só ganhando para a o Haiti e a Bolívia. "A carga tributária é a maior em todo o mundo em desenvolvimento", acrescentou Serra. "Enfrentar o problema econômico implica em mudar esse tripé [juro real alto, investimento baixo e carga tributária elevada]", disse.

O presidenciável apontou ser um erro da política econômica atual o aumento da carga tributária em momentos de crescimento. O correto, segundo o tucano, seria segurar a proporção dos impostos em relação ao PIB, pois o o governo pode contar com aumento de arrecadação quando a economia está em expansão.

Serra voltou a criticar a política monetária brasileira quando o BC subiu a taxa de juro durante a crise internacional, entre o fim de 2008 e o início de 2009, mesmo com inflação baixa. "Brasil foi o único que não baixou os juros", afirmou. O candidato criticou ainda a burocracia tributária e os impostos que incidem sobre os juros pagos pelo próprio Tesouro Nacional nos títulos da dívida pública. "Não concordo com a afirmação que a Dilma fez de que a carga é razoável. Não é", disse. Para Serra, o país sofre um "colapso" na área de infraestrutura. "Dos 20 aeroportos da Infraero, 19 estão congestionados", afirmou.

O candidato tucano fez críticas ao que chamou de loteamento da máquina pública. Sem citar o governo Fernando Henrique Cardoso, Serra afirmou que o problema é antigo no Brasil, mas melhorou na década de 90. "Voltamos para trás nessa matéria, no uso da máquina dos órgãos para servir a interesses privados, sejam esses sindicais, partidários, de grupos ou pessoais", disse Serra, para quem é "fundamental despartidarizar" a máquina do governo.

Na política externa, Serra fez críticas à reconhecimento pelo governo brasileiro da China como economia de mercado, o que impede o país de se defender da concorrência desleal dos produtos chineses. Também reclamou da falta de acordos comercial bilaterais. "O Brasil só fez um acordo com Israel", disse.

O candidato chamou de "baixaria" as supostas denúncias de fabricação de dossiê feito pela Previ contra adversários do PT. "O que não falta em cima de mim é dossiê fajuto. E o que falta a meu respeito é achar alguma coisa que eu tenha feito errado", disse o candidato em entrevista à imprensa após a sabatina.

Na sabatina, a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, expressou apoio ao agronegócio. "Um dia desses, quando me perguntaram sobre o agronegócio, disse que eu era a solução para o agronegócio no século 21", afirmou. Marina elogiou os produtores de etanol associados à Unica. "O Etanol tem a melhor tecnologia do mundo. É uma contribuição econômica, social e para a mudança climática", disse.

Segundo ela, o que a Unica tem feito em São Paulo "é um bom caminho", citando as metas para o fim da queima da palha da cana-de-açúcar, o treinamento profissionalizante para os trabalhadores que deixarão o corte da cana por causa da mecanização e o uso sustentável da água.

A candidata se disse a favor da reforma agrária. " O erro é quando alguém quer sobrepor o seu interesse sobre o de outro, nos dois lados. Há espaço para todos, para o agronegócio, para a agricultura familiar, para o grande para o pequeno", afirmou Marina. A candidata do PT, Dilma Rousseff, não compareceu ao evento.

Fonte: Valor Econômico

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