Dólar fecha a R$ 1,73, a menor taxa em quatro meses; Bovespa cai 0,45%

Publicado em 02/09/2010 17:14

Os preços da moeda americana recuaram para seus menores níveis desde o início de maio. Operadores apontaram como motivo principal a definição das linhas gerais do processo de capitalização da Petrobras. Ontem à noite, o governo anunciou o preço médio por barril de petróleo (US$ 8,5) que deve ser usado na cessão onerosa, bem como adiantou a data provável da operação (30). Somente nos últimos três dias, a cotação já desvalorizou 1,6%.

O dólar comercial foi vendido por R$ 1,732, em baixa de 0,85%, nas operações finais desta quinta-feira. As taxas oscilaram entre R$ 1,746 e R$ 1,732. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado por R$ 1,870, em um acréscimo de 0,53%.

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) opera em queda de 0,45%, aos 66.770 pontos. O giro financeiro é de R$ 4,41 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York tem alta de 0,40%.

Para profissionais das mesas de câmbio, alguns exportadores podem ter entrado com mais força no mercado, temendo uma queda ainda maior das taxas. Pelo tamanho esperado da capitalização (R$ 150 bilhões), muitos esperam um forte ingresso de divisas externas, o que fatalmente deve puxar para baixo as cotações.

Reginaldo Galhardo, diretor da corretora de câmbio Treviso, vê uma mudança de cenário após o anúncio de ontem. "Isso deu uma tranquilidade maior ao mercado de que a operação realmente vai ocorrer", comenta. Ele lembra ainda que, desde ontem, foi rompido um "piso psicológico" para os preços do dólar --de R$ 1,75. Muitos temiam que, abaixo desse valor, o governo (leia-se o Banco Central ou Tesouro) faria atuações mais agressivas no câmbio, seja aumentando os lotes de moeda comprados diariamente no mercado à vista, ou renovando a prática dos leilões de "swap". O BC, por enquanto, não mandou sinais nesse sentido.

Por outro lado, o profissional não vê uma queda muito rápida das cotações no curto prazo. "Se esse dólar realmente cair para R$ 1,70, não vai ser da noite para o dia. O mercado não está operando dessa forma", diz ele. Galhardo lembra que o cenário externo continua incerto, o que tende a aumentar a aversão ao risco. Além disso, tradicionalmente, nos últimos meses do anos aumenta a procura pela moeda por parte de grandes empresas, para operações como remessas de lucros ou pagamento às matrizes.

Amanhã, há grandes probabilidades do mercado ter um dia nervoso. Há a expectativa pelo notório "payroll", o boletim oficial dos EUA sobre a geração de empregos, o indicador mais esperado da semana. Os agentes terão um complicador a mais: o feriado doméstico (na terça-feira) e externo (na segunda-feira, nos EUA).

JUROS FUTUROS

No mercado futuro de juros, que serve de referência para o custo dos empréstimos nos bancos, as taxas projetadas caíram com força. Ontem à noite, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa de juros em 10,75% ao ano, conforme o esperado por analistas. Há expectativas de que o juro deve ser mantido nesse nível até o início de 2011.

No contrato para outubro deste ano, a taxa prevista caiu de 10,66% para 10,63%; no contrato para janeiro de 2011, a taxa projetada cedeu de 10,71% para 10,66%. No contrato para janeiro de 2012, a taxa prevista recuou de 11,39% para 11,31%.

Os números são preliminares e estão sujeitos a ajustes.

Fonte: Folha Online

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