Deficit nas contas externas é o maior desde 2002

Publicado em 22/09/2010 09:21
O deficit nas transações do Brasil com o exterior bateu novo recorde em valores nominais e alcançou o maior patamar na comparação do PIB (Produto Interno Bruto) desde o final do governo FHC.

Segundo dados do Banco Central, o resultado ficou negativo em US$ 2,86 bilhões no mês passado, maior valor para meses de agosto da série iniciada em 1947. Para setembro, a expectativa é de um deficit de US$ 3,8 bilhões.

No acumulado em 12 meses, o deficit chega a 2,32% do PIB, pior desde setembro de 2002 (2,57%). Em termos nominais, o resultado alcançou o recorde de US$ 45,8 bilhões.

O BC espera fechar o ano com um deficit de 2,49% do PIB ou US$ 49 bilhões. Para 2011, deve chegar a US$ 60 bilhões (2,78%).

O resultado negativo vem sendo influenciado pelo aumento das importações, das remessas de lucros e dividendos e dos gastos com serviços, como transportes, aluguel de equipamentos e turismo no exterior.

"Chegaríamos a 2,78% do PIB em 2011, o que não é algo explosivo. Já tivemos valores mais elevados no passado, quando tínhamos uma carga de juros mais elevada", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS

O BC projeta para setembro uma entrada de US$ 2,7 bilhões em investimentos estrangeiros diretos. Até hoje, já entraram US$ 2,1 bilhões.

Hoje, a instituição revisou para baixo a previsão de investimentos neste ano, de US$ 38 bilhões para US$ 30 bilhões.

"Esperávamos fluxos mais forte que não ocorreram. Mas esses projetos não foram abortados, foram postergados. Na medida em que haja uma recuperação da economia internacional, esperamos que esses investimentos voltem a fluir", disse Altamir.

Segundo o BC, os setores que mais postergaram em relação aos anúncios feitos foram metalurgia, automotivo e petróleo e gás.

GASTOS NO EXTERIOR

O aumento dos gastos dos turistas brasileiros no exterior bateu novo recorde no acumulado de janeiro a agosto, atingindo seu maior saldo negativo desde 1947, início da série histórica do Banco Central.

E a autoridade monetária já espera um aumento no deficit gerado pela diferença entre o que os brasileiros gastam lá fora e o dinheiro que o país atrai com turistas estrangeiros.

Nos oito primeiros meses do ano, os brasileiros gastaram lá fora US$ 6 bilhões a mais do que os estrangeiros trouxeram para o país. O número é a diferença entre gastos de US$ 9,9 bilhões e uma receita com turistas estrangeiros de US$ 3,9 bilhões.

O resultado levou o BC a aumentar a previsão desse deficit de US$ 8 bilhões para US$ 10 bilhões neste ano. O número é recorde e é um dos fatores que contribuem para o resultado negativo que o país registra nas suas transações com o exterior.

Para 2011, é esperado novo recorde, com um resultado negativo de US$ 11,5 bilhões.

Fonte: Folha de São Paulo

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