Dilma e Serra tentam atrair Marina e reveem estratégia
Marina é cautelosa: "Vamos fazer uma discussão em que sejam ouvidos o Movimento Marina Silva, os intelectuais. Faremos uma plenária para avaliar a nossa posição", disse. "O voto não é de Marina, nem de José Serra, nem de Dilma. O voto, fora da visão patrimonialista das coisas, é do eleitor".
O discurso de Marina indica que não é só a direção do PV quem vai decidir para qual candidato devem migrar seus votos. De maneira cifrada, sinalizou o que hoje é óbvio: a trajetória do PV se divide entre antes e depois de Marina Silva. Os quase 20 milhões de votos que recebeu demonstram a força surpreendente de sua candidatura, mas não tiveram o mesmo eco no desempenho do partido. O PV ganhou apenas mais duas cadeiras na Câmara.
A partir de hoje, os tucanos esperam contar com o empenho de Aécio Neves na campanha presidencial. Serra perdeu para Dilma em Minas, por uma diferença de 1,7 milhão de votos. A cúpula do partido avalia que a ajuda de Aécio e do governador Anastasia será fundamental para reverter essa desvantagem, assim como a campanha a ser deflagrada em São Paulo pode ampliar a margem do tucano, de pouco mais de 800 mil votos, num Estado onde esperavam estabelecer vantagem superior a 4 milhões de votos. Aécio defende que Fernando Henrique abra o horário eleitoral do segundo turno.
Surpreendida com a decisão do eleitorado que levou a disputa para o segundo turno, a candidata petista deve reforçar as comparações entre os governo dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. "Serra vai ter que assumir o governo de FHC", disse um aliado de Dilma. Se depender de boa parte da cúpula tucana, o desafio será aceito: os 11,1 milhões de votos conquistados pelo senador eleito por São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, cuja campanha teve participação do ex-presidente, levaram os tucanos a acreditar que a estratégia deve ser repetida na campanha presidencial.