Bovespa voltou a cair ontem e dólar recuou a R$ 1,714

Publicado em 29/10/2010 08:11
O pregão de quinta-feira terminou com leve baixa na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), queda no preço do dólar e juros futuros perdendo prêmios de risco.

No mercado externo, balanços corporativos e as discussões envolvendo a próxima reunião do Federal Reserve (Fed), banco central americano, pautaram os negócios. O Dow Jones chegou a operar em alta, mas fechou a jornada com leve baixa de 0,11%, aos 11.113 pontos. Já o S&P 500 garantiu leve alta de 0,11%, aos 1.183 pontos e a bolsa eletrônica Nasdaq ganhou 0,16%, a 2.507 pontos.

De volta ao mercado local, o Ibovespa oscilou mais de 1.000 pontos entre máxima e mínima antes de fechar com baixa de 0,35%, aos 70.320 pontos. O giro somou R$ 6,76 bilhões. Já no mês, o índice sobe 1,28% e ganha 2,53% no ano.

No campo corporativo, a Vale divulgou um balanço trimestral muito bem visto pelo mercado, mas as ações não reagiram conforme o esperado. A mineradora teve lucro líquido de R$ 10,55 bilhões no terceiro trimestre, um salto de 253,4% ante o mesmo trimestre de 2009.

A empresa ainda divulgou seu plano de investimentos. A Vale vai investir US$ 24 bilhões no ano que vem, valor que corresponde a um aumento de 125,1% sobre os US$ 10,66 bilhões investidos em 12 meses terminados no dia 30 de setembro.

Os papéis PNA da companhia caíram 1,68%, a R$ 47,90, e movimentaram R$ 855,2 milhões, enquanto as ações ON recuaram 1,92%, a R$ 53,60, com giro de R$ 249,8 milhões.

Analistas ressaltaram que os papéis podem ter apenas refletido um ajuste, dada sua valorização no mês e no ano. Além disso, embora já tenham sido negados pela companhia, os rumores de saída do presidente da Vale, Roger Agnelli, foram mais uma vez citados.

O sócio da Beta Advisors Rodrigo Menon ainda comentou que a queda das ações da Vale, que contrastou com a valorização das siderúrgicas, pode ter sido um movimento técnico, com uma estratégia de arbitragem conhecida como "long/short".

“Também podemos ter contado apenas com uma realização natural de lucros, com o papel da Vale enfrentando uma resistência por se aproximar dos R$ 50,00”, pontuou.

Com o maior volume do dia, Petrobras PN subiu 0,26%, a R$ 26,26, e movimentou R$ 963,2 milhões. Quinta alta seguida dos ativos.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP vai divulgar, hoje, os resultados da perfuração do poço no prospecto de Libra, na bacia de Santos.

As discussões em relação à existência de até 68 bilhões de barris de óleo recuperável em diversos blocos na bacia de Santos também voltaram às mesas de operação, mas a informação não foi confirmada pela ANP.

No câmbio, o dólar comercial devolveu parte da alta registrada na quarta-feira, mas não mostrou força para ir abaixo de R$ 1,710. Depois de fazer mínima a R$ 1,707, a moeda americana terminou o dia a R$ 1,714, ainda assim, queda de 0,46%. O giro estimado para o interbancário ficou em US$ 2 bilhões.

A esse preço, o dólar acumula alta de 1,30% agora em outubro, maior alta mensal desde maio, quando saltou 4,78%. No ano, a moeda ainda está 1,66% mais barata.

Na roda de “pronto” da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) o dólar cedeu 0,41%, para R$ 1,7114. O volume saltou de US$ 65 milhões para US$ 249,5 milhões.

Novamente a formação de preço acompanhou a sinalização proveniente do mercado externo, onde o dólar perdeu valor para seus principais rivais. O euro, por exemplo, subiu mais de 1%, retomando a linha de US$ 1,39.

A queda da moeda americana não foi mais acentuada tanto por fatores técnicos quanto psicológicos. Pelo lado técnico, o suporte de R$ 1,707 foi testado e respeitado, tanto no mercado à vista quanto no mercado futuro. Se perdida tal linha, a próxima parada seria a R$ 1,693.

O ponto menos racional também envolve a linha de R$ 1,70. Há certo receio de que dólar abaixo desse valor poderia ser gatilho para novas atuações do governo no câmbio. Também nesse capítulo estão as eleições. Existe a preocupação de que definido o novo presidente, o governo poderia tomar medidas mais firmes para tirar força do real.

Encerrando com os juros futuros, os contratos encerraram o dia apontando para baixo, mas tal movimentação não foi mérito da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), já que o viés de baixa só ganhou forma na última hora de pregão. Até então, os contratos operavam sem direção definida.

Na avaliação do economista-sênior do BES Investimentos do Brasil, Flávio Serrano, a ideia geral da ata, já que nos cenários utilizados pelo BC a inflação converge para a meta tanto em 2011 quanto em 2012, é de que os juros seguirão estáveis em 10,75% ao ano. Algo já esperado pelo mercado.

Quanto à piora recente da inflação, o Banco Central mostra que já tinha se antecipado a isso e menciona que a acomodação da atividade supera o previsto. Com isso, o resultado líquido em termos de pressão inflacionária seria neutro.

Um ponto destacado pelo economista é uma espécie de pedido de ajuda do Banco Central. A Selic pode seguir em 10,75%, mas para isso o BC trabalha com metas de crescimento de crédito, ou seja, bancos estatais e BNDES têm que colaborar, e com superávit fiscal de 3,3% - o governo tem que gastar menos.

Mas de acordo com Serrano essa “ajuda” não deve vir e, fora isso, essa visão do BC, de acomodação da atividade, pode ser frustrada, já que a dinâmica de emprego e renda surpreende para cima. “Por isso não acreditamos em juros estáveis por muito tempo”, diz o economista, que trabalha com alta de juros no primeiro trimestre de 2011.

Antes do ajuste final de posições, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2012, o mais líquido do dia, apontava alta de 0,01 ponto, a 11,36%. Janeiro de 2013 mostrava desvalorização de 0,01 ponto, a 11,83%. Janeiro de 2014 perdia 0,03 ponto, também a 11,83%. E janeiro de 2015 devolvia de 0,04 ponto, a 11,81%.

Entre os curtos, novembro de 2010 operava estável, a 10,63%. Dezembro de 2010 também apontava estabilidade, a 10,63%. E janeiro de 2011 apontava 10,65%, sem alteração.

Até as 16h10, foram negociados 826.355 contratos, equivalentes a R$ 72,54 bilhões (US$ 42,47 bilhões), alta de 81% sobre o registrado no pregão anterior. O vencimento janeiro de 2012 foi o mais negociado, com 197.025 contratos, equivalentes a R$ 17,36 bilhões (US$ 10,16 bilhões).

Na gestão do endividamento público, o Tesouro pagou mais caro para se financiar via Letras do Tesouro Nacional (LTN) e Notas do Tesouro Nacional Série – F (NTN-F). Outro ponto que chamou a atenção é que as NTN-Fs com vencimento em 2021 não foram colocadas. Essa foi a segunda vez que não houve entendimento entre mercado e Tesouro quanto ao preço dos títulos.

Segundo analista que preferiu não se identificar, isso mostra o efeito do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% cobrados nos ingressos externos para renda fixa. Em função da taxação, os investidores estariam pedindo mais prêmio para tomar os papéis.

Ao todo, foram colocadas 2,725 milhões de LTN – com vencimentos em 2011 e 2013 -, a R$ 2,94 bilhões. Na oferta de NTN-F foram ofertadas 350 mil notas – 150 mil para janeiro de 2015 e 150 mil para janeiro de 2017 – com giro financeiro de R$ 288 milhões.

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Fonte:
Valor Online

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