Democratas mantêm Senado, mas perdem a Câmara nos EUA

Publicado em 03/11/2010 09:28
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ligou já na madrugada desta quarta-feira para o provável futuro líder da Câmara dos Deputados, deputado John Boehner, para discutir como encontrar "pontos em comum" sob a nova Casa de maioria republicana.

As eleições legislativas desta terça-feira deram aos republicanos a maioria na Câmara, como previsto, além de mais cadeiras no Senado e a maioria dos governos estaduais.

Obama terá agora que negociar com a oposição para avançar sua agenda de reformas. Segundo comunicado da Casa Branca, Obama disse a Boehner que "espera trabalhar com os republicanos para encontrar pontos em comum, fazer o país avançar e alcançar conquistas para os americanos".

O presidente também ligou para o líder da bancada republicana no Senado, Mitch McConnell, e para a atual presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, que conseguiu a reeleição na Califórnia.

Boehner, contudo, não pareceu tão aberto ao diálogo. Em um discurso emocionado, em que chorou e foi ovacionado aos gritos de "USA" (EUA), o republicano disse que a eleição foi uma mensagem de repúdio a Washington e um recado de que é necessário um governo "menor e mais responsável".

"Não é momento de celebrar, e sim levantar as mangas e trabalhar. Podemos celebrar quando os pequenos negócios voltarem a funcionar, podemos celebrar quando o governo retomar a confiança de seu povo e trabalhar pelos valores que fazem da América, a América", afirmou.

A assessoria de Boehner descreveu a ligação do presidente como "curta mas agradável". "Eles discutiram como trabalhar juntos para tratar as prioridades dos americanos, que na opinião de Boehner são criar empregos e cortar os gastos governamentais", afirma um comunicado divulgado pelo gabinete do líder republicano.

Balanço

Muitas das disputas ainda estão sendo contabilizadas, mas a projeção da rede de TV americana CNN dá aos republicanos ao menos 60 cadeiras adicionais na Câmara dos Deputados. Isto representa o maior ganho do partido desde 1948, quando ganhou 75 cadeiras adicionais.

O jornal "The New York Times" fala em 59 cadeiras perdidas pelos democratas e um saldo de 238 republicanos, 183 democratas e 14 ainda indefinidas. De qualquer forma, o número já passou as 52 cadeiras ganhas por republicanos quando o também democrata presidente Bill Clinton enfrentou as eleições de meio de mandato, em 1994.

Em jogo está não apenas a liderança da Casa, que garante também o poder de definir a agenda de votação. Inclui também as dezenas de comitês que avaliam os projetos de lei antes de incluí-lo no calendário de votação.

Já no Senado, o mapa do "NYT" mostra maioria democrata com 51 cadeiras --o mínimo para a maioria e abaixo das 60 cadeiras necessárias para impedir veto ao debate. Os republicanos já garantiram 46 senadores e há outros 3 indecisos.

O destaque ficou com Nevada, onde Reid venceu após semanas de incerteza na disputa com a queridinha do ultraconservador Tea Party, Sharron Angle. A derrota de Reid seria muito simbólica do crescimento dos republicanos, e principalmente do Tea Party, nas eleições deste ano. Democratas contaram ainda com crucial vitória em Virgínia Ocidental.

Em mais um movimento importante, os republicanos da Flórida (Marco Rubio) e do Kentucky (Rand Paul) tornaram-se os primeiros candidatos apoiados pelo Tea Party a ganhar cadeiras no Senado, garantindo a entrada de visões mais conservadoras na casa. Outra queridinha do Tea Party, a republicana Christine O'Donnell, perdeu a corrida pelo Senado em Delaware e Sharron Angle perdeu o Senado em Nevada.

O Tea Party é um movimento populista de extrema-direita, motivado pela oposição aos impostos, à elevação do gasto público e à reforma migratória.

Em um ano onde a palavra de ordem foi descontentamento, os republicanos reverteram ainda o equilíbrio de forças dos governos estaduais --com ao menos dez conquistas em Estados atualmente democratas (Pensilvânia, Ohio, Michigan, Wisconsin, Iowa, Tennessee, Kansas, Oklahoma, Novo México e Wyoming).

Atualmente, 26 governos são democratas, 23 republicanos e um independente.

As disputas governamentais foram especialmente importantes este ano. Há um número recorde em jogo --37-- e é consenso que o governador tem grande influência na disputa presidencial --enquanto mais republicanos, mais difícil será a corrida de Obama pela reeleição.

Recado a Obama

A ansiedade criada com a crise econômica e o descontentamento com o presidente Barack Obama levaram os republicanos a conquistar enormes vitórias que lhes daria uma maioria na Câmara dos Representantes, tirando a porta-voz democrata Nancy Pelosi do cargo e pisando no freio na agenda legislativa de Obama.

A vitória dos republicanos em ao menos uma das casas do Poder Legislativo enfraquece o poder de Obama sobre medidas como a prorrogação dos cortes no imposto de renda e a aprovação de leis de imigração, por exemplo.

Obama assumiu o governo há dois anos, com a esperança de que poderia tirar os EUA da profunda crise econômica. Mas os persistentes altos níveis de desemprego e um deficit de orçamento cada vez maior colocou muitos eleitores contra ele e seus colegas democratas, após eles terem aprovado um custoso pacote de estímulo econômico, doações para as indústrias e reforma dos sistemas financeiro e de saúde.

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Fonte:
Folha Online

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