Mercados temem efeitos da escalada do petróleo

Publicado em 23/02/2011 12:59
As cotações do petróleo começam a ficar nervosas à medida que os protestos se alastram na Líbia e chegam perigosamente perto da Arábia Saudita, o maior produtor mundial e o único com capacidade de suprir quantias suficientes de óleo no caso de interrupções no fornecimento pelos países vizinhos. A temperatura dos preços subiu a ponto de criar expectativas de que o limite em que é capaz de causar estragos na economia global pode não estar longe, embora para isso seja necessário algo impensável até há pouco: que a Arábia Saudita mergulhe em uma onda de insatisfação popular.

Com a iminente queda do ditador Muamar Gadafi, na Líbia, que patrocina massacres para se manter no poder, e a persistência de manifestações de descontentamento no Iêmen, Bahrein, Argélia e Marrocos, a crise das autocracias árabes mudou de qualidade, avalia Mohamed El-Erian, CEO da Pimco, maior gestora de fundos de renda fixa do mundo. Para ele, os acontecimentos do fim de semana foram um "ponto de inflexão". "No curto prazo, os acontecimentos na região serão estagflacionários para a economia mundial", afirma, em artigo ao "FT" reproduzido pelo Valor. A alta do petróleo elevará os custos de produção, a maior estocagem preventiva em todo o mundo intensificará a pressão sobre as commodities como um todo, agravando o impacto de desequilíbrios entre oferta e demanda, e a região será um mercado menor para as exportações de outros países.

Para o Bank of America Merrill Lynch, o barril do tipo Brent deve ser negociado no curto prazo em uma banda de US$ 105 a US$ 110. Ontem, ele atingiu US$ 105,78, praticamente estável. Já o tipo WTI subiu 8,55%, para US$ 93,57. Segundo o banco, apenas um barril a US$ 120, por um período de tempo suficientemente longo, seria capaz de criar danos extensivos à economia mundial. O Goldman Sachs também acredita que o barril pode atingir níveis recordes se as turbulências chegarem à Arábia Saudita.

Para Fatih Birol, economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), os preços estão "perigosamente altos" e acima de US$ 100 eles se tornam um risco para a recuperação mundial no médio prazo. "Por enquanto, a confiança mundial ainda é forte", disse. O otimismo é compartilhado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "É improvável que [a crise no Oriente Médio e no norte da África] gere uma mudança substancial no panorama econômico mundial", afirmou o vice-diretor-geral do Fundo, John Lipsky. A cada US$ 10 de aumento nos preços do petróleo a economia mundial deixa de crescer meio ponto percentual, calcula Julian Jessop, da Capital Economics, em Londres.

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Fonte:
Valor Online

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